Muitos ainda acreditam que a maçonaria é uma sociedade secreta, mas na verdade trata-se de uma sociedade discreta. Não existe nenhum segredo misterioso que não pode ser revelado de jeito nenhum.
Séculos atrás, a Maçonaria era praticada sob o mais rigoroso sigilo, pois era perseguida pelos poderosos, por homens que escravizavam homens que ousavam defender a liberdade de consciência.
As guerras religiosas estavam no auge e defendia-se a idéia de “quem não é por mim, é contra mim”. Ser maçom, pregar e praticar a tolerância para com quem tinha ideias diferentes ou professava uma diferente fé, era perigoso.
Assim, esconder a condição de ser maçom era uma regra essencial para a segurança de todos, além de ser também um elemento essencial do laço de fraternidade que unia os maçons, pois tornava possível pensar de modo diferente, ou professar uma religião diferente ou até pertencer ao exército inimigo. Sim, ainda que porventura inimigos ambos fossem essencialmente e, sobretudo, Irmãos. Ambos podiam compartilhar o mesmo espaço, debater respeitosamente as suas ideias e se confraternizar pacificamente. Por fim, descobriam que não eram tão diferentes em seus propósitos ou em seus anseios. Todos buscavam uma sociedade mais justa.
Atualmente, a maçonaria pode ser praticada livremente em quase todas as regiões, dedicando-se o maçom à evolução intelectual e à assistência filantrópica. Por promover o acatamento às leis, aos governos legalmente constituídos, nada tem a ocultar, mas conserva sua natureza discreta, com sinais, toques e palavras, como meio de reconhecimento recíproco de seus membros, internacionalmente. Portanto, nada tem a Maçonaria de sociedade secreta.
Em muitos países identificar-se como maçom é considerado um ato desejável.
Na Inglaterra é uma honra ser identificado como maçom. Nos Estados Unidos, é uma forma natural de integração na sociedade local e, para muitos, uma preservação da tradição familiar. No Brasil, apesar de algumas desconfianças, ser maçom é natural e um motivo de orgulho.
Em umas poucas regiões do globo, é perigoso ser maçom. Nestas, é sábio manter total discrição. Ainda outras regiões, como em Portugal, ser maçom não é propriamente perigoso, mas poderá trazer alguns prejuízos profissionais e sociais, devido ao preconceito ainda existente. Mas muitos, e cada vez mais, maçons regulares não só se identificam publicamente como tal, como o fazem com orgulho. Outros optam por manter a discrição. Cabe a cada um a decisão de se assumir publicamente.
Certamente, no dia em que deixar de existir tal preconceito, todos os maçons, de todos os cantos da terra, com alegria, poderão declarar pública e orgulhosamente a sua condição!
Discreta Sim Secreta Não
A maçonaria foi e continua sendo encarada por muitos como sendo uma sociedade secreta. Dentro da realidade atual entretanto, a instituição não poderá ser considerada senão como sendo uma sociedade discreta. Há realmente, uma grande diferença entre esses dois conceitos. Como secreta dever-se-ia entender que se encobre na Maçonaria algo que não pode ser revelado, quando por discreta, entende-se que se trata de ação reservada e que interessa exclusivamente aqueles que dela participam.
Em realidade, a Maçonaria não é possuidora nem detentora de nenhum segredo misterioso como tem pretendido alguns. No vocabulário maçônico moderno, a palavra segredo, deve considerar-se como discrição. Assim o ensina a instrução de Grande Mestre, quando diz que o segredo dos Mestres é guardado em um cofre de papel coral, rodeado de marfim - a boca.
Já se foi aquele tempo em que a Maçonaria deveria encobrir toda a sua atividade sob o mais rigoroso sigilo e de tal forma, que esta reserva devia constituir ato secreto e até mesmo misterioso.
Era a instituição perseguida pelos poderosos, por aqueles que escravizavam os povos que não viam com bons olhos a liberdade de consciência, tiranos de todas as épocas, sanguinários e exploradores da humanidade.
Nos dias em que vivemos é quase dispensada a ação liberatória da Maçonaria e ela pode trabalhar livremente, dedicando-se mais à evolução intelectual e à assistência filantrópica.
Conserva porém, como princípio e tradição a sua maneira própria de agir, o uso de iniciação ritualística, a simbologia universal de suas práticas espiritualísticas e o seu caráter de organização restrita a seus membros.
Mantendo como uma de suas qualidades, o respeito e acatamento às leis, aos governos legalmente constituídos, nada tem que ocultar, a não ser as suas fórmulas ritualísticas, seus sinais, toques e palavras, como meio de reconhecimento recíproco de seus filiados, espalhados por todos os recantos do mundo.
Não se reveste mais a Maçonaria de um secretísmo absoluto, de vez que seus rituais são impressos e muitas de suas práticas. Tendo divulgação habitual, são conhecidos e estão ao alcance de muitos estudiosos.
Nesta condição, nada tem a Maçonaria de sociedade secreta. Exigindo reserva de seus seguidores quanto aos seus trabalhos, cultiva e difunde entre os Maçons, a virtude da discrição, segue uma tradição milenária e se põe, sempre, em posição, de em qualquer emergência, para se defender de opressores e manter as liberdades nacionais e humanas, volver ao passado e prosseguir em sua luta em defesa da liberdade, da igualdade e da fraternidade.