Procurei colocar em evidência as informações que mostram as qualidades maquiavélicas e discricionárias de ditadores políticos populistas.
Alguém já afirmou que a história se repete em ondas. Que a humanidade evolui após ultrapassar incidentes perturbadores do “status” vigente e em situações semelhantes.
No início do século passado o proletariado começou a tomar consciência de seu poder e iniciou luta pela conquista de que julga ser seu direito: participação no poder. Esta luta sempre provoca “crises” políticas com consequências desconfortáveis para a população.
É neste momento que o líder “populista” se faz presente.
Parece que estamos em uma terceira crise, sem que se apresentasse um líder com expressão para dominar.
Ruy Franca.
GETÚLIO VARGAS. Era Vargas (1930/1945).
Cerca de uma centena de escritores se propuseram a abordar este tema. De todos, Lira Neto parece que foi o mais feliz. Praticamente, tudo que segue foi extraído de sua obra. Três volumes, com o título “GETÚLIO”, no total de mais de 1500 páginas. A Wikipédia pouca ajuda prestou.
O que norteou meu trabalho foi a constatação de uma semelhança notável entre a situação política da época Vargas e a atual.
Getúlio Dornelles Vargas, um dos maiores estadistas brasileiros, advogado, promotor de justiça e político destacou-se como líder civil da Revolução de 1930 que pôs fim à República Velha, depondo seu 13º e último presidente, Washington Luís, e, impedindo a posse do presidente eleito, Júlio Prestes, em 1º de março de 1930.
Presidente do Brasil de novembro de 1930 a outubro de 45 e de janeiro de 1951 a agosto de 1954.
Nascido a 19 de abril de 1882 em São Borja(RS). Falecido: 24 de agosto de 1954, no Palácio do Catete, Rio de Janeiro.
Sua passagem pela administração do Brasil, marcou época, deixando um elenco de transformações em todas as áreas, colocando o Brasil em um patamar de desenvolvimento reconhecido internacionalmente.
O escritor Menotti Del Picchia, em contato com colega e jornalista Vergara, secretário de Getúlio, relata:
“ O que mais me impressionou foi o seu olhar. Aparentemente abstrato, parecia estar vendo tudo perto e longe. Possuía o olhar periférico da mosca e mais uma supervisão das distâncias”.
Seu legado como Presidente no campo social, tem como destaque a lei que estabeleceu jornada de trabalho de 8 horas; organização sindical, lei de férias, comissão de conciliação, caixa de pensões, seguro social, leis de proteção a menores e mulheres.
Ao anunciar tais decisões, em seu discurso disse que o capital precisa ser atraído, amparado e garantido pelo poder público. E o melhor meio de garanti-lo está, justamente, em transformar o proletariado numa força orgânica de cooperação com o Estado e não o deixando ao abandono da lei, entregue à ação dissolvente de elementos perturbadores, destituídos dos sentimentos de Pátria e de Família.Mostra aqui sua tendência para buscar no trabalhismo um equilíbrio de forças políticas.
De família abastada e nobre foi levado a estudar em Ouro Preto, então Capital de Minas Gerais.
Em 7 de junho de 1897, de um confronto entre grupos (gaúchos e paulistas) foi morto o estudante paulista Caio de Almeida Prado. Foi atribuído a Getúlio, então com 15 anos, a autoria do disparo.
Voltando para São Borja para evitar processo criminal, tornou-se militar em 1898. Em maio de 1902 Getúlio é expulso da Escola Preparatória e de Tática de Rio Pardo por participar de um grupo de 129, por protesto contra punições. Dali para Porto Alegre, 25º Batalhão de Infantaria, onde aproveitou os 5 anos para estudar.
Em uma prova de Economia, na Universidade do Rio Grande do Sul, deixou claro sua visão política quando escreveu que o “Estado é um aliado do indivíduo por isso não ser previamente estabelecidos os casos em que a intervenção do Estado se torne necessária, pois esta será exigida pela urgência dos fatos”. Nesta mesma prova critica o comunismo por provocar apatia pela abolição da concorrência e continuação das mesmas falhas advindas das diferenças de capacidade, destreza, inteligência e energia e faz apologia das cooperativas dos operários em forma de associação de classe.
Promotor Público – 1908.
Em 1909 Deputado “Assembleia dos Representantes”, não tendo apresentado qualquer trabalho significativo.
Em 1923, Getúlio assume na Câmara Federal como líder da bancada gaúcha. Começa a ascensão até o topo da escala política.
Em seu primeiro discurso no Rio de Janeiro, em 1923, disse:
“Só é possível reprimir violência com violência”.
De 1924 a 1926, como Deputado Federal, criou situações que o colocaram em posições sempre politicamente evidentes e proveitosas em busca do poder. Sua atuação sempre cautelosa, às vezes escorregadia, lhe trouxe a alcunha forjada por Pedro da Costa Rego, Governador de Alagoas e ex-colega de Congresso Nacional: “Este gaúcho é mineiro”.
A frieza com que encarava problemas, as respostas ou inciativas nunca vinham no momento esperado por aqueles que o rodeavam, atribuíram-lhe a assertiva “deixa tudo como está para ver como fica”.
Em 1926-7 nomeado Ministro da Fazenda. O que se disse sobre ele é: “O Ministro da Fazenda não entende de finanças. Mas sabe tudo de política.
Em 25 de janeiro de 1928 assume o governo do Rio Grande do Sul. O que chamou de Nova Ordem trouxe-lhe o poder para promover exigências junto ao Governo Federal.
A projeção de Getúlio foi tão devastadora que apenas com 6 meses de mandato já era cogitado para Presidente da República.
Com Washington Luiz o lema era “Comigo é na madeira”. No RS Getúlio, escorregadio e cauteloso.
Em 1929, Getúlio, governador, comunica a Washington Luiz, sua pretensão à Presidência. Este, sentindo-se traído, trabalha contra pedindo apoio aos Governadores (menos MG e RS) para Prestes.
Getúlio, mesmo diante do descrédito de companheiros e tendo Washington Luiz contra, começa seu trabalho. Chama Osvaldo Aranha, que cria a Aliança Liberal, e João Neves da Fontoura para promover a aproximação com o proletariado.
Em 20 de setembro o Manifesto da aliança Liberal lido por Lindolfo Collor diante de multidão magnetizada:
Tese: Regeneração dos costumes cívicos, condenação da “prepotência do mando”; crítica a “acintoso desrespeito à vontade do povo”.
Promessas: voto secreto, anistia ampla, fim das leis de exceção, prioridade para o trinômio educação-saneamento—saúde; obras de combate às secas no Nordeste e direito dos trabalhadores, proteção às mulheres e aos menores.
“O princípio central da nossa campanha é a restituição ao povo do que só ao povo pertence”.
Eleições fraudulentas e o assassinato de João Pessoa do qual é culpado Washington Luiz, formaram as armas para Getúlio começar suas maquinações.
A campanha “fora Washington Luiz” começa com tropas revolucionárias se movimentando sob a orientação do governo gaúcho.
Em 24 de outubro é noticiada que três generais assumem a direção do país.
Em comboio militar Getúlio parte para o Rio de Janeiro parando em várias cidades e nas Capitais tramando sua condução pacífica à Presidência, usando para isto o talento de Osvaldo Aranha.
O Norte do país, liderado por Juarez Távora, exige obediência aos“ princípios básicos da democratização e moralização do regime”. Os militares do Rio Grande e Paraíba apoiam a seguinte nota:
“O que visa o povo Mineiro, de perfeito acordo com os estados do Norte e do Sul, é a reivindicação da soberania nacional, usurpada pelo governo deposto, para o fim de reorganizar, consertar e prestigiar o Brasil, entregando a chefia da nação ao representante da vontade do povo brasileiro, Dr. Getúlio Vargas”. Texto de Olegário Maciel em telegrama ao Catete.
Em 26 de outubro Getúlio recebe um grupo de militares com a missão de informar-lhe que a Junta Governativa Provisória o convidava oficialmente para tomar posse imediata na Presidência da República. Em 31 de outubro, chegando ao Rio falou ao povo:
“O país, oprimido pela violência, pela brutalidade, não podia tolerar por mais tempo os seus opressores”.
Em 3 de novembro toma posse. Em 20 de novembro Getúlio deixou anotado nas páginas de seu diário:
“Quantas vezes desejei a morte como solução de vida. E, afinal, depois de humilhar-me e quase suplicar para que os outros nada sofressem, sentido que tudo era inútil, decidi-me pela revolução, eu, o mais pacífico dos homens, decidido a morrer. E venci, vencemos todos, triunfou a revolução! Não permitiram que o povo se manifestasse para votar, e inverteram-se as cenas. Em vez de o sr. Júlio Prestes sair dos Campos Elísios para ocupar o Catete, entre as cerimônias oficiais e o cortejo dos bajuladores, eu entrei de botas e esporas nos Campos Elísios, onde acampei como soldado, para vir no outro dia tomar posse no Catete, com poderes ditatoriais. O sr. Washington Luiz provocou a tormenta e essa o abateu. Dizem que o destino é cego. Deve haver alguém que o guie pela mão”.
De 1930 a 1945, o Brasil de uma condição essencialmente agrária, transformou-se em uma nação com aspirações urbanas e industriais. Mas é neste período que as intolerâncias, violências e perseguições do regime getulista deixariam marcas traumáticas na vida do país.
Em 25 de fevereiro caminhões lotados de sodados, em duas passagens, sem deixarem os caminhões, descarregaram suas armas de grosso calibre sobre a sede do Diário Carioca, que havia apoiado toda a ascensão de Getúlio, mas, que agora, clamava pela democratização. Pela sua repercussão e pela violência com que depois agiram os militares ao invadir a sede do jornal já toda metralhada, muitos auxiliares de Getúlio começaram a abandoná-lo.
A crise toma vulto. Liberais e Tenentistas se digladiam. Sobre as reações de Getúlio, o Tenentista Agildo Barata, um dos seus aliados, disse: “Sempre que alguém rosna mais fortes nos calcanhares de Getúlio, ele atira um osso, às vezes sem carne, para o resmungador se aquietar”. Esta conduta durou 15 meses. As perspectivas piorando. As manifestações, críticas, dos aliados e amigos aumentando.
Em 8 de março de 1932 em Porto Alegre um grupo de grandes aliados declara-se desgostosos.
Caos financeiro e político. Inquietação nos quartéis. Às condições apresentadas por aliados para continuidade do apoio, 9 meses depois de recebe-las Getúlio responde terminando a missiva com a seguinte frase:
“Parece-me inviável a ação governamental sem certas faculdades discricionárias”.
Em 9 de julho de 1932 São Paulo inicia revolução ”constitucionalista”. Mantendo-se preocupado, sempre com um revolver no bolso e um envelope contendo um bilhete considerado suicida, que dizia:
“Meus instintos, no exercício do governo, foram os mais nobres e elevados. Procurei sempre inspirar-me nos interesses superiores da pátria. Entreguei as posições aos que se rebelaram contra mim e fui vencido pela traição, pela deslealdade, pela felonia. Reservara para mim o direito de morrer como soldado, combatendo pela causa que abraçara. A ignominia duma revolução branca não m’o permitiu. Escolho a única solução digna para não cair em desonra, sem sair pelo ridículo. Getúlio Vargas”. Em 10/7/1932.
Em 13 de julho de 1932 acontece o primeiro bombardeio aéreo em cidade brasileira (Cachoeira Paulista).
Em 1º de outubro paulistas concordam em rendição. Em 30/10/32 diante do Catete milhares de cidadãos agradeceram a assinatura da lei que estabeleceu jornada de trabalho de 8 horas. Organização sindical, lei de férias, comissão de conciliação, caixa de pensões, seguro social, leis de proteção a menores e mulheres. Em seu discurso disse:
“Não há nessa atitude nenhum indício de hostilidade ao capital, que, ao contrário, precisa ser atraído, amparado e garantido pelo poder público. E o melhor meio de garanti-lo está, justamente, em transformar o proletariado numa força orgânica de cooperação com o Estado e não o deixar, pelo abandono da lei, entregue à ação dissolvente de elementos perturbadores, destituídos dos sentimentos de Pátria e de Família”.
Pela primeira vez os brasileiros usaram o voto secreto. A Assembleia Constituinte contava com 214 deputados eleitos, 40 representantes classistas – uma espécie de corporativismo fascista, abrasileirado, adotado por Mussolini na Itália (18 representantes dos trabalhadores, 17 dos patões, 3 profissionais liberais e 2 funcionários públicos. Esta representação classista feita a dedo constituía a massa de manobra de Getúlio.
Otávio Mangabeira, ex-ministro de Washington Luiz, exilado, escreveu:
“Em 3 de maio não houve eleição no Brasil. Houve um simulacro de eleição”.
Comícios proibidos. Exilados impedidos de concorrer e jornais sob censura. Em 15 de novembro de 1933 instala-se a Assembleia Nacional Constituinte, sob a presidência de Antônio Carlos Ribeiro de Andrade, mineiro.
Getúlio nomeia Benedito Valadares interventor em Minas, surpreendendo a todos com uma nomeação considerada despropositada.
Notícias sobre o planejamento de sua deposição começou a preocupar. Situação e oposição buscavam uma solução política para afastar ou fortalecer o poder nas mãos de Getúlio, voltadas para a Constituinte que seria votada em abril.
Em 17 de julho de 1934, um dia após a promulgação da Constituição e três dias após a revogação de censuras à imprensa Getúlio foi eleito Presidente Constitucional do Brasil.
Instituiu-se conceito de “Segurança Nacional”, federalização de minas, jazidas minerais e quedas d’agua. Aprovou-se a expulsão de estrangeiros “perigosos à ordem pública”, direito a férias, limite de jornada de trabalho, salário mínimo, e outras questões judiciais. Ficou estabelecido que dali por diante o Executivo prestaria contas ao Legislativo, que retomava também seus poderes de legislar e fiscalizar. Mandato presidencial de 4 anos sem direito a reeleição.
Getúlio classificou o texto da Constituição de “monstruoso” e desabafou: “Creio que serei o primeiro revisor dessa Constituição”.
Eleito, tomou posse em 20 de julho. Prometeu manter e cumprir, com lealdade a Constituição Federal. Mas atribuem a ele a frase: “As constituições são como as virgens, nasceram para ser violadas”.
A “Ação Integralista Brasileira” e esquerdistas começam a mostrar força política e se aparelharem para ação. Surgem mais conflitos e problemas. Getúlio gostou da propaganda nacional/socialista do governo alemão e procurou fortalecer o Departamento de Propaganda e Difusão Cultural. Convidado para a sua chefia Monteiro Lobado não só recusou como elaborou um libelo contra o avanço da Standart Oil nas terras consideradas petrolíferas brasileiras.
Arquitetando revisar a Constituição, Getúlio entrega a Francisco Campos, apelidado de “Chico Ciência” esta tarefa. A Constituição, a chamada “Polaca”, dava ao governo poderes discricionários. Tão logo aprovada e promulgado, começaram as intervenções e prisões. Os conflitos recrudesceram. Garantido pela Constituição foi decretado Estado de Guerra. Para os militares era “preciso agir, mesmo fora da lei, mas em defesa das instituições e da própria lei deturpada”. Ou “impõe-se o emprego de meios violentos, lançados de surpresa, capazes de frustrar o movimento articulado que todos percebem prestes a explodir”.
Em 1935 o serviço britânico adverte Getúlio da existência de espiões e terroristas soviéticos e de uma conflagração comunista a ponto de arrebentar no Brasil pela Internacional Comunista além de outros tipos de ações, no Cone Sul.
No dia 4 de julho de 1935 o Ministro da Guerra declarou estado de prontidão e Sindicatos foram invadidos, apreendidos material considerado subversivo e feito cerca de 500 prisões para impedir que a Aliança Nacional Libertadora realizasse manifestação contra o Governo no dia 5. O grande comício programado não existiu. A imprensa começa a atacar. “Querem transformar o Brasil num imenso cárcere”, foi a definição do jornal “A Manhã”.
Carlos Lacerda aparece, sendo aplaudido de maneira crescente. Também a imprensa cresce em ação. “O Globo” dispara:
“Toda vez que um governo necessita de leis de exceção, acusa adversários de comunistas”.
De 1935 a 1936 sete mil presos lotaram os porões do regime, com graves denúncias de tortura.
Em novembro de 1935 o movimento comunista iniciou revolta armada em duas unidades do Exército: Campo dos Afonsos e Regimento de Infantaria da Praia Vermelha. Luiz Carlos Prestes foi derrotado.
Em 17 de dezembro de 1935 o Estado de Sítio então vigente foi suspenso momentaneamente para que a Câmara votasse 3 emendas que manteria a legalidade dos atos do Governo. O Governo foi autorizado a equiparar a então “comoção intestina grave” ao estado de guerra, o que, em ação, abolia todas garantias constitucionais; foi determinada perda de patente e de posto, por decreto do Executivo de qualquer oficial da ativa ou da reserva que houvesse praticado crime de subversão; funcionários públicos sujeitos a demissão sumária se acusados de crimes políticos. Terminada a reunião foi restabelecido o Estado de Sítio.
Nos seis meses seguintes, diante do clamor popular anticomunista, foram realizadas 7.056 prisões.
Em março de 1936 é decretado o Estado de Guerra, suspensas garantias constitucionais, inclusive prerrogativas parlamentares. Congresso Nacional invadido pela polícia. Prisões indiscriminadas atingiram aliados de Getúlio. Congresso vota criação de “Tribunal de Segurança Nacional – TSN”.
Em 27 de novembro de 1936, Franklin Delano Roosevelt, visita o Brasil com a missão de constituir um bloco continental em defesa de objetivos comuns e a favor de “uma democracia solidária na América”. Deixou a mensagem:
“Se vocês brasileiros, conservarem a forma democrática de governo, não precisarão temer os choques de ideias sociais extremistas”.
Congresso cria obstáculos ao executivo. Getúlio convoca Francisco Campos para esboço de nova constituição para substituir a de 1934. São expressões dele:
“O regime político das massas é o da ditadura. Não há, a estas horas, país que não esteja à procura de um homem, isto é, de um homem carismático ou marcado pelo destino para dar às aspirações das massas uma expressão simbólica. Não há hoje um povo que não clame por um César”.
Hitler começa a aparecer no cenário mundial como belicoso. Brasil encontra-se em relações comerciais com Alemanha e Estados Unidos. Ambos tentam atrair Getúlio que demonstra tendências germânicas, tendo adquirido um lote de canhões Krup. Mussolini também começa a assediar Getúlio. Final de 1936 sem definições. Estado de Guerra é prolongado. Final de abril é apresentado primeiro esboço do novo texto constitucional. Comandante 1ª RM é preso por 4 dias e transferido para o Mato Grosso.
Em 27 de novembro ministro da Guerra Eurico Gaspar Dutra adverte: “Comigo o senhor pode contar; mas com o Exército eu não posso garantir nada”.
Em 27 de dezembro em reunião de cúpula com militares, General Newton Cavalcanti recomenda: “Impõe-se o emprego de meios violentos, lançados de surpresa, capazes de frustrar o movimento articulado que todos percebem prestes a explodir”. Getúlio consegue apoio de Plínio Salgado.
Dia 10 de novembro Francisco Campos apresenta o texto final da Constituição. Por ela ampliavam-se atribuições do Executivo, determinava centralização administrativa retirando poderes dos governos estaduais até de possuir bandeira e hino. Governadores passaram a interventores.
Em 11 de maio de 1938 o Palácio é alvo de metralhadoras e fuzis. Debelada a rebelião, em 13 de maio, a população é convocada para ouvir o Presidente. Segundo os jornais, nunca um Presidente conseguira reunir tanta gente nas imediações do Catete. Getúlio começou com o bordão que passou a ser uma de suas marcas: “TRABALHADORES DO BRASIL”. Tornou oficial séries de medidas em prol da classe trabalhadora, inclusive salário mínimo que só foi implantado de fato dois anos após.
1939/1940 estoura a Guerra Mundial na Europa. Getúlio, de quem diziam ter como autor preferido Maquiavel, em manobras de vai e vem, acaba por ceder às vantagens comerciais americanas. Uma carga de canhões adquiridos da Alemanha é retida pelos ingleses, que, por influência americana é liberada. Alemanha passa a afundar navios mercantes brasileiros.
Em 1940, ao decidir sobre a adesão do Brasil aos aliados, Getúlio disse:
“Não sobrevirei a um desastre para minha pátria”.
A corrupção passou a ser manchete nos jornais. A imprensa oficial tentava firmar a imagem de que Getúlio era o “pai dos pobres”. Nesta época marchinha de carnaval dizia: “Aos pobres deu muita roupa. Ao Borghi deu algodão”.
Em 31 de agosto, por decreto, formalizou-se a declaração de guerra aos nazifascistas. Em 28 de janeiro de 1944, Getúlio tem novo encontro com Roosevelt. Foram discutidas condições sobre a participação do Brasil, inclusive remessa de soldados.
A situação do Estado Novo tornava-se cada vez mais crítica. A necessidade de abertura política tornava-se necessária ante a ameaça de inimigos chegarem primeiro. Os apelos para a volta ao estado democrático aumentavam. Ao protesto de mineiros e uma alocução de Sobral Pinto clamando pela “liberdade política”, Cassiano Ricardo, pelas páginas de “A Manhã”, jornal oficial do Estado Novo, rebate: “Quem assistiu à algazarra de uma Câmara funcionando, nos moldes do velho sistema, é que pode ter a exata ideia do absoluto pouco-caso com que se aprovam as leis”.
10 de novembro de 1943 seria o último dia do mandato de Getúlio.
A vigência do Estado de Guerra dava ao Presidente direito de suspender qualquer trecho constitucional. Em 30 de junho de 1944 sete composições ferroviárias começaram a chegar ao Porto do Rio de Janeiro. Trafegando em alta velocidade, com as janelas todas fechadas a taboas, tinham em seu interior, amontoados na escuridão, soldados sobre os sacolões de viagens, que, na saída da Vila Militar, haviam sido informados que iriam tomar parte de um exercício tático. No porto foram despejados em uma plataforma junto ao mar. Atônitos, porque saíram de escuridão para a claridade intensa, viram um gigantesco navio de bandeira norte-americana. A tropa desceu dos vagões esmagada pela surpresa, e, em fila indiana foi conduzida a bordo. Nenhum dos 5.000 embarcados teve oportunidade de despedir das famílias. Os altos falantes do navio anunciaram que o chefe do governo vinha trazer uma palavra de despedida em nome de toda a nação brasileira. Cumprimentou Mascarenhas de Morais, comandante da tropa, e desejou sorte a todos.
10 de agosto de1944 marca um recrudescimento da crise. Oswaldo Aranha, um dos maiores colaboradores de Getúlio expressa sua categórica indignação. Em 1º de novembro de 1944 Góes Monteiro avisa que um clima de descontentamento dominava a caserna. A maioria da cúpula da corporação concordava que não mais fazia sentido a manutenção da ditadura. O problema foi entregue a Marcondes Filho que apresentou proposta para, por decreto, fosse convocada eleições presidenciais e plebiscito a serem realizados no mesmo dia e o mais rápido possível.
Em 22 de fevereiro de 1945, quebrada a sequência de 7 anos sem que ninguém lhe atacasse, Getúlio toma conhecimento de que Carlos Lacerda, em entrevista prestada a José Américo, disse:
“É preciso que alguém fale alto, e fale alto, e diga tudo, custe o que custar”.
A imprensa anuncia candidatura do Brigadeiro Eduardo Gomes.
De todos os lados ouvia-se o povo gritando: Queremos Getúlio. Dirigindo-se ao povo, em 30 de agosto de 1945, Getúlio disse:
“Ao homem que se aproxima do fim de suas atividades públicas, e que outro desejo não tem senão o recolher-se à tranquilidade de seu lar, é profundamente comovedor e eloquente este movimento a que acabo de assistir. Estou plenamente vingado, porque nenhuma outra vingança desejaria exercer. Em toda parte procurei atender às necessidades dos que trabalham. Não gostam de mim apenas os gozadores e sibaritas, aqueles que vivendo em abundancia não querem pagar aos homens que trabalham uma justa remuneração dos seus serviços. Sem pretender comparar-me, na minha humildade, sigo os preceitos do Divino Mestre e com Ele repetirei as palavras do Evangelho: “Perdoai-os, Senhor, porque eles não sabem o que fazem””.
De 29 de outubro a 1º de novembro de 1945 a crise acaba por chegar ao seu clímax. Na noite de 29 Cordeiro de Faria entrega a Getúlio minuta da carta de renúncia, que, datilografa por ordem de Getúlio é assinada. É dado o prazo de dois dias para desocupação do Catete. No dia seguinte os generais mandaram contar luz e água do Palácio Guanabara, residência do Presidente.
No final de 1945, após 15 anos de ininterruptos no exercício do poder máximo, humilhado, Getúlio vota a São Borja na qualidade de cidadão comum. Lá, na Estância da família, após reflexões sobre tudo que havia acontecido, as traições sofridas, o movimento queremista, redigiu uma espécie de testamento, onde já se notava nova ameaça de tirar a vida com as próprias mãos, mas também a consciência de que poderia tornar-se um mártir. Nessa carta fala da “situação dramática de sua vida nos desenrolar dos últimos acontecimentos políticos”, a campanha de ódio sistemática de que foi objeto, a maneira como foi deposto sob a força de um exército aparelhado com tanques de guerra, canhões e metralhadoras. Termina a carta, assim:
“Não satisfeitos com isso, querem arrancar-me ao solo da pátria ou sequestrar-me a liberdade. Talvez só com o meu sacrifício eu consiga remir os inocentes que estão sendo perseguidos e libertar-me das mesquinharias do governo de um títere togado influenciado por colaboradores odientos ou covardes, muito inferiores à missão que se arrogam. Na perspectiva de violências que se aproximam, deixo estas declarações para conhecimento do povo brasileiro”.
Mas, não ficou alheio aos acontecimentos políticos. Brigadeiro Eduardo Gomes é lançado candidato à presidência. No final de dezembro de 1945, como uma bomba, é lançado um manifesto conclamando trabalhadores a ingressarem no PTB, com a assinatura de Getúlio, gerando perplexidade entre seus adversários. Mesmo sendo vítima de forte campanha que incluía exigência de sua deportação, de São Borja, Getúlio fez com que fosse lançado contra o Brigadeiro, um General que havia trabalhado pela sua deposição: Eurico Gaspar Dutra. Imprensa, polícia e toda a UDN, partido que reunia grandes adversários de Getúlio abriram baterias contra o PTB. Em uma batida policial foram apreendidos 140mil exemplares de cartazes e panfletos com a silhueta de Getúlio e o título, em letras maiúsculas –
ELE DISSE: INGRESSAI NO PTB.
A campanha pela sua deportação continuou acirrada, mas, com apoio do Hugo Borghi Dutra foi lançado candidato. Novo panfleto apareceu com os dizeres:
ELE DISSE: VOTAI EM DUTRA,
com recomendações contra a abstenção, e apontando para o fato de que o momento não era de consideração a nomes e sim de programas e princípios. Para total inconformismo da UDN, Dutra Foi eleito Presidente e Getúlio Senador pelo Rio Grande do Sul.
No Senado Getúlio sofreu diuturnamente ataques e provocações, a que a imprensa propagava com crescente intensidade. Sempre ouvia tudo calado sem qualquer manifestação ou reação. Até que em resposta a um ataque de Hermes de Lima, levantou de sua cadeira e replicou:
“Senhor Presidente, quando aceitei o mandato que me foi confiado pelo povo brasileiro, vim exercê-lo com o firme propósito de não contribuir para desviar a atenção desta ilustre Assembleia com assuntos estranhos à sua função específica, que é discutir e votar uma constituição”, argumentou. “Quando for votada a Carta, falarei ao povo para definir minha posição perante a história de minha pátria. Mas, para que não suponham que haja nesta atitude qualquer vislumbre de receio, venho declarar que, se alguém tiver contra mim motivos de ordem pessoal ou se julgar com direitos a desagravo, fora do recinto dessa Assembleia estarei à disposição”.
Saiu logo em seguida da Assembleia. Após conseguir libertar-se dos amigos que o impediam, o coronel Euclides Figueiredo foi atrás de Getúlio, mas não o encontrou tendo em vista que o Genro, Ernani Peixoto, o havia levado para casa.
Conseguindo uma licença, não voltou ao Senado. Dissolvida a Assembleia Nacional Constituinte com a aprovação da Constituição, Getúlio ocupou a tribuna do Senado pela primeira vez para prestar conta de seus quinze anos de governo, documento que classificou como “um documento de nossa História”. Entre outras justificativas disse: “Era indispensável enfrentar, com um governo forte, todas as interferências internacionais que nos lançavam a uma guerra civil...”. Do Palácio Monroe, sede do Senado, saiu nos braços do povo que o aguardava.
Em 1947 Alzira, filha de Getúlio conhece um místico que prognostica “Getúlio será arrasado e só depois levado de volta ao poder.
Em 6 de janeiro de 1947 esteve em um comício em Belo Horizonte para apoiar a candidatura de José Francisco Bias Fortes (do PSD) ao Governo de Minas. Visitou mais seis capitais para apoiar candidatos de sua ligação, independentemente de partidos. Naquele ano o PTB não conseguiu fazer um governador sequer, a pesar de usado a imagem de Getúlio.
O místico conhecido de Alzira continuava visitado. Numa dessas visitas afirmou:
“A queda de G.V. do poder estava prevista e devia acontecer, era seu Carma. A humilhação e o sofrimento por que passou eram necessários para que a impulsão de sua nova ascensão fosse maior. Sua queda agiu como uma catapulta, para arremessa-lo ainda mais alto”.
Ariel, nome da entidade, profetizou que caberia a Getúlio um destino ainda maior que simplesmente voltar a ser o presidente do Brasil.
A política continuava tensa. No dia 15 de abril de 1947 foi denunciada a existência de um complô para derrubar Dutra e colocar Getúlio no poder. Acabou por ser desbaratado.
Em 7 de maio foi cancelado o registro do PCB, que havia sido legalizado com Getúlio. Seu deputado Gregório Bezerra, em último discurso disse:
“Nós, comunistas, aqui voltaremos. Saímos empurrados pela reação, mas voltaremos a este plenário, conduzidos nos braços do povo e do proletariado”.
Em 4 de novembro de 1947 Getúlio se une em comício a Luiz Carlos Prestes, líder comunista para apoiar candidatura de vice-governador de São Paulo. E seu discurso disse:
“Povo de São Paulo! Trabalhadores do Brasil. Estou aqui cumprindo um dever cívico. Todos os paulistas devem saber, nesta hora, que o seu voto terá um valor plebiscitário, pois revelará se o governo federal deve ou não continuar com a política de incentivo à deslealdade, à miséria e à agressão da vontade popular”.
Os ataques à administração do Presidente Getúlio continuavam. Foram levantadas e publicadas despesas nababescas da família, de Bejo e Gregório Fortunato, que, em valores atualizados chegariam a 4, 8 milhões de reais.
Em 1948, Leonel Brizola, deputado, 26 anos, pela tribuna da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, disse: “O Rio Grande, em peso, pela maioria esmagadora de seu povo, comparecerá com toda a sua alma, na próxima campanha eleitoral, se for para levar à presidência da República o nome de seu filho mais querido e mais ilustre: Getúlio Vergas”.
Em 1949 em entrevista a Samuel Wainer, repórter dos Diários Associados, Getúlio disse: “Não sou oportunista; sou homem de oportunidades”.
Em 13 de dezembro de 1949 Ademar de Barros visita Getúlio oferecendo seu apoio para a Presidência, e, lança seu nome para candidato às eleições de 1950. A imprensa começa a fustigar. Carlos Lacerda lança as alternativas: “O sr. Getúlio, senador, não deve ser candidato. Candidato, não deve ser eleito. Eleito, não deve tomar posse. Empossado, devemos recorrer à revolução para impedi-lo de governar”.
Café Filho, do PSD, indicado pelos paulistas, é o candidato a vice de Getúlio. A campanha foi disputadíssima. Brigadeiro Eduardo Gomes-UDN de um lado e o populismo do Getúlio-PSP/PTB de outro. Cristiano Machado, candidato do Governo tinha sua campanha fraca, mas conseguiu 1.697 mil votos. Brigadeiro 2.342, mil e Getúlio 3.849 mil. É dessa eleição que foi criado o termo “Cristianizar”, ou “Cristalizar” candidato, que designa a situação quando a soma dos votos do 3º com o 2º teria resultado superior ao 1º-.
Empossado, além da campanha violenta da oposição, liderada por Carlos Lacerda, a coligação que elegeu Getúlio fez somente 75 deputados (51 PTB e 24 PSP). A UDN elegeu 81. Os outros partidos de oposição declarada somaram 36 deputados. O PSD, com 112 representantes passou a ser o fiel da balança. Para governar o PSD acabou por beneficiado com mais ministérios, o que trouxe desconforto aos aliados.
Em abril Getúlio recebe carta de Harry Truman. Entre cortesias e agradecimentos havia uma convocação explicita. No final estava escrito:
“Seria de grande ajuda para o esforço das Nações Unidas, na Coreia, se o Brasil pudesse enviar uma Divisão de infantaria para participar das operações militares naquela área”.
A resposta foi que ainda não tínhamos meios para desenvolvimento geral que permitirá o preparo militar. Na comunicação ficou claro que somente se o EU fornecesse os meios isto seria possível. Góes Monteiro que viajou aos Estados Unidos em busca de recursos, nada conseguiu durante os 3 meses que lá ficou, a não ser a conclusão dos americanos de que o Brasil estaria fora de tais esforços.
Em setembro Horácio Lafer entrega a Getúlio plano econômico que envolvia criação de novas fontes de energia, técnicas de agricultura mecanizada, modernização do transporte ferroviário, ampliação do parque industrial e parte para os Estados Unidos em busca de recursos. Além do financiamento externo previa criação de impostos. Aprovado o plano foi enviado ao Congresso a criação da PETROBRAS.
No final de 1951 Getúlio fez três anúncios de impactos junto à opinião pública: Descartado o envio de tropas para a Coréia; aumento do salário mínimo na ordem de quase 300% (380 para 1.200 cruzeiros) no Rio e em SP; que o Governo iria impor limites à transferência de capital de empresas estrangeiras instaladas no país. Após manifestar contrariedade a tudo que ouviu o embaixador Herschel Johnson saiu do Itamarati dizendo que Mister Vargas estaria “playing with fire”- Brincando com fogo. Concluiu:
“Desse jeito, Vargas não conseguirá chegar ao final do governo”.
Samuel Wainer, jornalista empregado dos Diários Associados larga o emprego e cria o jornal “Última Hora” e faz a defesa de Getúlio. A imprensa contra Getúlio se apegava a qualquer fato ou boato para ataca-lo.
Em 1953 Getúlio leva um tombo no palácio ficando praticamente inativo e em depressão com perna e braço quebrado, com a política em alta voltagem.
Em 11 de maio de 1953 300 mil trabalhadores cruzam os braços. Ante a ameaça do enquadramento na Lei de Segurança Nacional, trabalhadores criam o Comitê Intersindical de Greve, protótipo da central operária. As greves acontecem.
Eisenhover, recém-eleito, convida Getúlio para uma visita à Casa Branca para um plano de Política de Boa Vizinhança.
O Globo coloca à disposição de Carlos Lacerda seu jornal que assim aumenta seu poder de ataque.
Abre-se guerra contra Samuel Wainer, culminando com CPI para apurar financiamento do Banco do Brasil ao jornal Última Hora, que, ao final é arquivada. Wainer contra-ataca dizendo estranhar que o escritório de advocacia MOMSEM, LEONARDOS & CIA., que prestava assistência jurídica a empresas norte-americanas instaladas no Brasil – entre elas a Standard Oil – fosse o mesmo a fornecer orientação jurídica aos udenistas com assento na CPI. Vem à tona o fato de que Samuel Wainer não era brasileiro como constam seus documentos falsificados, não podendo, de acordo com a lei, ser dono de veículo de comunicação. Passam a acusa-lo de “astro do comunismo”.
Começa a surgir notícias de que um golpe estava sendo preparado. Tancredo Neves, então Ministro da Justiça, em entrevista coletiva classifica a notícia como boatos e afirma que o Presidente está no firme propósito de cumprir a Constituição.
Carlos Lacerda sob a alegação de que estava sendo ameaçado de morte pede ao Ministro da Justiça proteção.
Ainda em 1953 duas aeronaves Douglas C-47 da FAB, pertencentes à frota presidencial sofreram inusitados acidentes.
Um embaixador Argentino relata que a saúde do Presidente Vargas tem gerado muito comentário, a que Getúlio afirmou que tinha algo muito importante a fazer. Em 3 de outubro de 1953 (62 anos) assinou a lei 2004 criando a Petróleo Brasileiro S.A. - Petrobrás. Além de dar a público este ato, fez um relato do que foram as ações desenvolvimentista implementadas: construção da usina Paulo Afonso; refinaria de Cubatão; segunda usina siderúrgica de Volta Redonda; ampliação da Vale do Rio Doce; reestruturação da Fábrica Nacional de Motores – FNM -, fundação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) e do Banco do Nordeste do Brasil (BNB); e de estudos para o estabelecimento de um Plano Nacional de Eletrificação, responsável pelo projeto da futura Eletrobrás.
A imprensa ataca a criação da Petrobrás. Entre outros ataques (com a mesma tônica) o Correio da Manhã classificou a Petrobrás como “aventura de nacionalistas rasteiros” que defendiam “monstruosidades como o monopólio estatal petrolífero”. Chateaubriand afirma: “Quando ao Brasil, restaria apenas pagar caro por esse nacionalismo desatinado”.
1954 começa com temperatura sempre em elevação da política. Em 28 de janeiro, patrocinado pelo Ministério do Trabalho um evento denominado “Chapa Branca” saiu como um tiro na culatra. Lideranças comunistas monopolizaram o palanque e a militância de esquerda vaiou oradores favoráveis ao governo. O deputado socialista Breno da Silveira discursou: “Só com o povo lutando nas ruas é que o Brasil será salvo da ruína total”.
Em 20 de fevereiro o Memorial dos Coronéis veio a público denunciando “perigoso ambiente de intranquilidade, vaticinando ocorrências imediatas de “graves tensões”. Denuncia crise de autoridade colocando em perigo coesão militar; o comunismo à espreita; equipamento bélico obsoleto. Ao afinal, que a elevação do salário mínimo nos valores anunciados, nos grandes centros do país quase atingirá o dos vencimentos máximos de um graduado, constituindo uma subversão de todos os valores profissionais. Armando Falcão, na Câmara dos Deputados aplaudiu a iniciativa. Ademar de Barros, antigo aliado, divulgou noção de apoio a “um gesto de coragem cívica”. Para o Governo o memorial representava uma inadmissível quebra de hierarquia. Getúlio convoca o ministro general Ciro do Espírito Santo Cardoso a Petrópolis, onde descansava, e cobra dele o fato de não ter sido comunicado com a antecedência a respeito da gravidade do texto. Terminou dizendo: “O senhor, ao invés de me ajudar, está me criando dificuldades”. O ministro entregou o cargo.
Carlos Lacerda descobre que Peron relata aos militares de seu pais a existência do pacto ABC (Argentina, Brasil e Chile), sobre o qual Peron afirmara: “Penso que o ano 2000 nos surpreenderá unidos ou dominados”, referindo-se à América Latina. Toda a fala de Peron foi transcrita. Em 1º de maio de 1954 Getúlio não compareceu às solenidades. Às 19 horas a população ouviu pelo rádio seu pronunciamento. Começando pelo bordão “Trabalhadores do Brasil” justificando sua presença, anunciou a elevação do salário mínimo de 1,2 para 2,4 (100%) – hoje seria de 634 a 1.268 reais -. Terminou dizendo:
“Não tendes armas nem tesouros, nem contais com as influências ocultas que movem os grandes interesses. Para vencer os obstáculos e reduzir as resistências é preciso unir-vos. - ... Hoje estais com o governo. Amanhã sereis o governo”.
Nesta mesma época um colega socialista me havia garantido que teríamos revolução socialista em 40 anos.
A oposição considerou toda a fala de Getúlio como demagógica. A Federação das Indústria do Rio de Janeiro entra com recurso na Justiça contra alegando que a lei sobre o salário mínimo deveria ser aprovada pelo Congresso. 48 horas após protocolado o recurso é protocolado o pedido de impeachment contra o Presidente. PTB pede arquivamento do processo por “inteiramente gratuita e descabida, se não injuriosa ao chefe do Poder Executivo.
Lacerda torna-se cada vez mais violento com epítetos demolidores: protetor de ladrões; caudilho e golpista; desonrado e inepto; corruptor e abjeto; protetor da impunidade dos negocistas.
Da força aérea partiu a notícia de um complô.
Em 23 de maio o jornalista Nestor Moreira, repórter policial de “A Noite”, morreu barbaramente espancado por policiais. A imprensa explorou o fato criticando a institucionalização da violência policial.
Em 16 de junho a Câmara se reuniu para votar o impeachment. Gustavo Capanema chama a atenção do plenário para a entrevista do udenista Odilon Braga à Tribuna da Imprensa em que diz “somente o socorro das forças armadas” restaria se os parlamentares renunciassem ao seu dever cívico. Posto em votação, o pedido de impeachment foi fragorosamente derrotado.
No dia 5 de agosto de 1954 os jornais traziam em manchete a tentativa de assassinato de Carlos Lacerda, que escapou com leve ferimento, mas atingiu mortalmente o major Rubens Florentino Vaz, um dos oficiais da aeronáutica que passara a escoltar Lacerda. Ao saber Getúlio desabafou: “Estes tiros me atingiram pelas costas”. As investigações acabaram por apontar Gregório Fortunato, da segurança do Palácio. O próprio Getúlio, repetindo Lacerda disse: “É um mar de lama”.
Afonso Arinos e Aliomar Baleeiro, em discurso na Câmara, apontaram a licença de que Getúlio dispunha para solução dos problemas políticos. O udenista Odilon Braga, em cerimônia do Clube da Lanterna, em uma rede de alto-falantes instalada na Rua Araújo de Porto Alegre com transmissão pela Rede Globo apelou para que Getúlio “colocasse a mão na consciência” e renunciasse.
Em 12 de agosto Getúlio chega a Belo Horizonte para visita a Juscelino e inauguração da usina da Mannesmann. Em seu discurso disse:
“As injúrias que me lançam, as pedras que me atiram, a objurgatória, a mentira e a calunia não conseguirão abater o meu ânimo, perturbar a minha serenidade, nem me afastar dos princípios de amor e humildade cristã por que norteio a minha vida e me fazem esquecer os agravos e perdoar as injustiças”.
Getúlio pernoitou em BH. Na sexta-feira, 13, soube que o atirador da Rua Toneleiro, Alcino, havia confessado o crime e que fora contratado por Climério, envolvendo Gregório. Cerca de 20 anos mais tarde Alcino garantiria haver confessado sob tortura.
Armando Falcão, ao recordar os episódios daquela noite, em seu livro “Tudo a Declarar”, publicado em 1989, relatou uma circunstância que não veio à tona à época do crime. Falcão encontrou Carlos Lacerda já no Miguel Couto, com o pé enfaixado, e em seguida o levou de volta para casa em um taxi. No meio do caminho, o jornalista teria explodido, em um surto de consciência.
“Acho que vou enlouquecer! Foi uma enorme desgraça o que acaba de acontecer. Penso que fui eu que matou o Vaz. Dei uns tiros a esmo, já sem óculos, e tenho a impressão de que ele estava na minha frente. Que horror! Que tragédia, meu Deus! ”.
Lacerda, apesar de sua arma ser, como ele afirmou de calibre 38, diferente da que matou o Coronel, 45, recusou-se a apresentar a arma para a perícia. No dia 13 de agosto um dos ajudantes de ordem de Getúlio encontra algumas folhas com anotações, e, assustado entregou-as a Alzira. Já era o rascunho da “Carta Testamento”. À interpelação de Alzira Getúlio respondeu: “Não é o que estás pensando minha filha”, disse com ar severo. “Não te preocupes, foi um desabafo”.
Os documentos pessoais de Gregório, carreados do Catete por um caminhão, engrossou o caldo da corrupção por ele sem que Getúlio soubesse. Eles atestavam que, apesar de receber um salário de 15 mil cruzeiros, era dono de um conjunto de bens estimados em torno de 65 milhões de cruzeiros, em imóveis, um mercado em Copacabana e um cavalo puro sangue.
A pressão para a renúncia ou deposição de Getúlio crescia. Em 21 de gosto o vice-presidente Café Filho foi ao Catete propor uma fórmula para estancar a crise institucional. Disse que em conversa prévia sobre a ideia de Gustavo Capanema, líder da maioria, e com os ministros da Guerra, Zenóbio da Costa, da marinha Renato Guillobel, surgiu a alternativa de pedido de dupla renúncia. Ambos abdicariam dos respectivos cargos. Getúlio disse que iria consultar alguns amigos e depois daria uma resposta definitiva. Consultado o ministro da Justiça, Tancredo Neves, que, com sua típica desconfiança mineira pressentiu o risco da existência de arapuca. Ao saber que não fora convidado para uma reunião do Alto-Comando das Forças Armadas o ministro da Aeronáutica pediu demissão e recomendou a Getúlio que nomeasse alguém que desfrutasse de indiscutível conceito entre os pares. Este fato agravou a crise.
Em 22 de agosto as mais altas patentes da força aérea depois de receberem apelo para que assumisse a “direção dos acontecimentos”, em um manifesto assinado por brigadeiros exigiu a renúncia imediata de Getúlio. No mesmo dia 22 de agosto o Marechal Mascarenhas entrega ao Presidente o manifesto dos brigadeiros.
Ao chegar deve ter notado que o chefe do Gabinete Militar da Presidência já mandara cavar trincheiras nos jardins do fundo do prédio. Sobre a mesa do Ajudante de Ordens uma metralhadora dando boas-vindas a qualquer visitante. Café Filho novamente procurou Getúlio e dele recebeu a resposta estampada em todos os jornais: SO MORTO SAIREI DO CATETE.
De Tancredo saiu a advertência: “Depois da Aeronáutica, vem o manifesto da Marinha e amanhã o senhor não se surpreenda se surgir o manifesto do Exército”. No mesmo dia a alta oficialidade da Marinha se reuniu e manifestou seu apoio à Aeronáutica. A zero hora do dia 24 de agosto Zenóbio da Costa e Mascarenhas de Morais chegam ao Catete e informam que não havia saída à vista. “O Exército iria divulgar o manifesto dali a poucas horas”. Ele estava virtualmente deposto.
Getúlio informou que convocaria o ministério para deliberação. Às duas da manhã a reunião ministerial começou. Getúlio explicou porque estavam ali reunidos. Logo em seguida Alzira, Darcy, Lutero, Ernani e Danton Coelho entraram na sala, para espanto dos presentes. Os ministros foram apresentando seus relatórios pintando situações contrárias ao governo com informações sobre cada arma. Tancredo, com apoio de todos os ministros civis afirmou que toda aquela crise política era desprovida de sentido. Ao final Oswaldo Aranha resumiu o problema oferecendo a Getúlio três alternativas:
“Decidir pela resistência a favor da manutenção do governo a qualquer preço, inclusive a própria vida; proceder a um balanço numérico das forças leais ao governo e rechaçar, militarmente, qualquer tentativa de afronta à Constituição; e a terceira, sem maiores atos de heroísmo e altivez, a alternativa da renúncia”.
Getúlio ainda pediu informações aos ministros militares sobre a situação da relação de forças de apoio ao governo. Recebeu respostas ambíguas. Nesta altura Alzira que se dizia auxiliar direta do Presidente, e dizendo que a vida de seu pai e a sua estavam em jogo, começou a destruir todos os argumentos dos militares, informando que já tinha informações, inclusive colhidas por ela que a situação não era bem a descrita pelos ministros.
Ao Almirante disse que “suas tropas de fuzileiros navais não estão interessadas em marchar a favor ou contra ninguém. ” Ao Brigadeiro informou que o grupo de caça de guerra “Senta a Pua” está a favor do governo. Ao Zenóbio da Costa disse: “dos treze generais – porque são somente treze os signatários do manifesto -, só um tem comando de tropa e não é aqui da capital; os outros exercem funções burocráticas. Se o senhor julgar que a simples renúncia de meu pai vai trazer tranquilidade, progresso e ordem a este país, não se fala mais no assunto. Mas o senhor tem certeza? ”
Essa reação provocou confusão geral. Ao término Getúlio disse:
“Já que os senhores não decidem, eu vou decidir. Minha determinação aos ministros militares é no sentido de que mantenha a ordem e o respeito à Constituição. Nestas condições, estarei disposto a solicitar uma licença até que se apure responsabilidades. Caso contrário, se quiserem impor a violência e chegar até o caos, daqui levarão apenas o meu cadáver”.
Às 4h20 da madrugada Getúlio saiu do salão de despachos e subiu para o quarto. O ministério divulga nota informando a decisão do Governo. No Catete armas foram distribuídas a todos. Getúlio ao saber disso por Lutero disse:
“Não vai haver luta. Nenhum sangue será derramado aqui hoje. Se algum sangue for derramado será de um homem cansado e enojado de tudo isso”.
Depois de receber autorização do pai, Alzira passa a manter contato com militares para saber notícias. General Armando de Morais Âncora traz a notícia de que a renúncia continua sendo exigida pelos militares. Ao ser perguntado se estava sendo deposto Beijo respondeu a Getúlio que não sabia, mas aquilo parecia o fim. Getúlio solicitou a Beijo que procurasse informar-se melhor com Gal. Âncora e Caiado de Castro e dirigiu-se para seu quarto. Às 08h30 Getúlio estava sozinho em seu quarto. Cinco minutos depois o barulho seco de um tiro ecoou no Palácio. Todos correram ao quaro de Getúlio e o encontraram com meio corpo para fora da cama com um buraco a altura do peito de onde borbulhava mancha de sangue. Em um envelope foi encontrado seu testamento.
“SAIO DA VIDA PARA ENTRAR NA HISTÓRIA”
Sobre a “Carta Testamento” existem controversas. Há uma manuscrita e outra datilografada.
Em anexo, ambas, do acervo da FGV.
Este texto foi encontrado pelo major-aviador Hernani Fittipaldi na mesa de trabalho de Getúlio no dia 13 de agosto – pg.322 do 3º volume da obra de Lira Neto -.
TEXTO MANUSCRITO
Deixo à sanha dos meus inimigos, o legado da minha morte.
Levo o pesar de não ter podido fazer, por este bom e generoso povo brasileiro e principalmente pelos mais necessitados, todo o bem que pretendia.
A mentira, a calúnia, as mais torpes invencionices foram geradas pela malignidade de rancorosos e gratuitos inimigos numa publicidade dirigida, sistemática e escandalosa.
Acrescente-se a fraqueza de amigos que não defenderam nas posições que ocupavam à felonia de hipócritas e traidores a quem beneficiei com honras e mercês, à insensibilidade moral de sicários que entreguei à Justiça, contribuindo todos para criar um falso ambiente na opinião pública do país contra a minha pessoa.
Se a simples renúncia ao posto a que fui levado pelo sufrágio do povo me permitisse viver esquecido e tranquilo no chão da pátria, de bom grado renunciaria. Mas tal renúncia daria apenas ensejo para, com mais fúria, perseguirem-me e humilharem-me.
Querem destruir-me a qualquer preço. Tornei-me perigoso aos poderosos do dia e às castas privilegiadas.
Velho e cansado, preferi ir prestar contas ao Senhor, não dos crimes que não cometi, mas de poderosos interesses que contrariei, ora porque se opunham aos próprios interesses nacionais, ora porque exploravam, impiedosamente, aos pobres e aos humildes.
Só Deus sabe das minhas amarguras e sofrimentos.
Que o sangue dum inocente sirva para aplacar a ira dos fariseus.
Agradeço aos que de perto ou de longe me trouxeram o conforto de sua amizade.
A resposta do povo virá mais tarde...”
Sobre este texto, vale apenas transcrever o que consta à página 346 do 3º volume da obra de Lira Neto: -
“Por causa da intervenção de Maciel ( ... amigo que passou a limpo o manuscrito tendo em vista que Getúlio não escrevia à máquina ... ), houve quem questionasse a autoria e autenticidade do documento. Para a esmagadora maioria da população, contudo, o detalhe pouco importava. Aquele era o verdadeiro testamento político e pessoal de um homem que se matara para não passar à posteridade como um líder decaído e desonrado, alvo de um linchamento moral sem precedentes na história republicana brasileira.
Em vez de significar um gesto de fraqueza e covardia, a autoimolação de Getúlio o tornava um mártir e, para o imaginário coletivo nacional, um símbolo heroico de resistência.
TEXTO DATILOGRAFADO
“Mais uma vez as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam; e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes.
Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci.
Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo.
A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso.
Contra a Justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios.
Quis criar a liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobras, mal começa esta a funcionar a onda de agitação se avoluma.
A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero.
Não querem que o povo seja independente.
Assumi o governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho.
Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia a ponto de sermos obrigados a ceder.
Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo e renunciando a mim mesmo, para defender o povo que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar a não ser o meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida.
Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos.
Quando vos vilipendiarem, sentireis no meu pensamento a força para a reação.
Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com perdão. E aos que pensam que me derrotam respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo, de quem fui escravo, não mais será escravo de ninguém.
Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue terá o preço do seu resgate.
Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia, não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história”.
PERSONALIDADES HISTÓRICAS QUE SE ENVOLVERAM COM GETULIO.
Washington Luiz; Júlio de Castilho; Borges Medeiros; Assis Brasil, Batista Lusardo; Pedro da Costa rego; Artur Bernardes; Oswaldo Aranha; João Pessoa; Lindolfo Collor; Flores da Cunha; Júlio Prestes; Generais Tasso Fragoso, Alfredo Malan d’Agrogne e João de Deus Mena Barreto; Juarez Távora, Olegário Maciel; Agildo Barata; General Ciro do Espírito Santo Cardoso; General Klinge;, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada; Benedito Valadares; Ronald de Carvalho; Monteiro Lobato; Gal. Góis Monteiro; Gal Mascarenhas de Morais; Tancredo Neves; Cristiano Machado; Brigadeiro Eduardo Gomes; Assis Chateaubriand; Francisco Campos (Chico Ciência); João Neves da Fontoura; Evaristo de Morais; Zenóbio da Costa.
FONTES- - Lira Neto, GETÚLIO, Companhia das Letras, 2012. - - Wikipédia.