Moral e Dogma

Flávio Greco


História de Albert Pike

Albert Pike, nasceu em Boston, Massachusetts, nos Estados Unidos da América, em 29 de

dezembro de 1809. Foi uma personalidade multifacetada que é melhor lembrada por suas conquistas como professor brilhante, poeta, escritor, advogado, editor e expoente da Maçonaria, do que como General Brigadeiro da Confederação, posto que alcançou incidentalmente.

Recebeu sua educação inicial em Newburyport e em Framingham, e em 1825 ingressou no Harvard College, sustentando-se e ao mesmo tempo ensinando. Tinha chegado apenas ao ginásio quando suas finanças o compeliram a continuar seus estudos sozinho, ensinando enquanto estava em Fairhaven e Newburyport, onde era professor efetivo do curso de gramática e depois teve uma escola particular. Anos mais tarde, alcançou tal distinção na literatura, que recebeu o grau de Mestre Honorário em Artes na Universidade de Harvard, da qual ele tinha sido excluído no colégio por falta de possibilidade de pagar seus estudos.

Em 1831 partiu para o oeste, para Santa Fé, com um grupo comercial. No ano seguinte, com um grupo de caça, desceu o rio Pecos até a planície de Staked, onde, com outros, quatro viajou principalmente a pé até chegar a Fort Smith, no Arkansas. Suas aventuras e feitos estão contados em um livro de prosa e verso publicado em 1834. Enquanto ensinava, ao sul de Van Buren e no rio Little Piney, contribuiu com artigos para o jornal Little Rock Advocate e chamou a atenção de Robert Crittenden, com a ajuda de quem chegou a ser editor daquele jornal – que dois anos mais tarde passou a ser sua propriedade.

Foi admitido no tribunal em 1835 e estudou e praticou advocacia até a Guerra do México, quando recrutou uma companhia de cavalaria e esteve presente na batalha de Buena Vista sob o comando do famoso Coronel Charles May. Em 1846 duelou com o General John Selden Roane, mais tarde governador do Arkansas, por algo que este disse em suas memórias daquela batalha sobre o regimento de Arkansas de Pike.

Em 1849 foi admitido no tribunal da Suprema Corte dos Estados Unidos, ao mesmo tempo que Abraham Lincoln e Hannibal Hamlin.

Em 1853 mudou-se para New Orleans, já preparado para praticar na corte de Louisiana por ter estudado os “Pandects”, dos quais traduziu o primeiro volume para o inglês. A jurisprudência da corte de Louisiana estava baseada no Direito Romano e não no Direito Inglês. Também fez traduções de muitas autoridades Francesas. Escreveu, ainda mais, um livro inédito de três volumes sobre “As Máximas da Legislação Romana e Francesa”.

Em 1857 parou de praticar no Arkansas. Atuou por muitos anos como advogado dos índios Choctaw e, em 1859, auxiliado por outros três advogados, obteve para os Choctaw uma indenização de US$ 2,981,247.00.
Whig1 declarado e anti-separatista2, em 1861 foi advogado proeminente e grande proprietário de terras em Little Rock, Arkansas; mas preferiu apostar no Sul a abandonar seus amigos e sua propriedade. Foi indicado Comissário para as tribos do Território Indígena. Como tal, conseguiu a aliança dos índios Creek, Seminole, Choctaw, Chickasaw e parte dos Cherokee com a Confederação.

Em 15 de agosto de 1861 recebeu o posto de General Brigadeiro no exército dos Estados Confederados e comandou uma brigada de índios na batalha de Pea Ridge. Sua carreira na Guerra Civil foi infeliz, para dizer o mínimo, e finalmente resultou em sua prisão pelo General Hindman e a observação do General Douglas Cooper de que Pike seria “ou insano ou falso para com o Sul”.

Pike lutou com suas tropas indígenas em Elkhorn Tavern, e a conduta dúbia dos índios refletiu sobre ele, talvez injustamente. Posteriormente, alegou que eles tinham sido recrutados apenas para defenderem seus territórios. Em sua defesa, devemos observar que Pike teve pouca oportunidade de disciplinar ou de treinar suas tropas índias. Quando as mortes dos Generais McCulloch e McIntosh fizeram de Pike o mais antigo oficial sobrevivente Confederado, ele não foi capaz de reagrupar nem de reorganizar suas tropas. Depois de muita acrimônia, Pike renunciou de seu posto Confederado em 12 de julho de 1862, renúncia aceita em 5 de novembro de 1860.
Viveu em semi-aposentadoria durante o final da guerra e, depois que ela terminou, foi visto com suspeita por ambos os lados do conflito. Foi indiciado por traição pelas autoridades dos Estados Unidos, mas teve seus direitos civis restaurados em seguida. Depois da guerra, foi morar em Memphis (Tennessee), e em 1867 editou o jornal Memphis Appeal. No ano seguinte mudou-se para Washington, D.C. e praticou advocacia nas cortes até 1880. Durante o restante de sua vida devotou sua atenção a escrever tratados legais e a interpretar a moral e os dogmas da Ordem Maçônica.

Foi sétimo Soberano Grande Comendador do Supremo Conselho aos 50 anos e serviu de 1859 até sua morte, em 1891. Durante esses 32 anos, escreveu e compilou muitos livros e familiarizou-se com muitos idiomas, entre eles o latim, grego e sânscrito.

É reconhecido como um grande conhecedor da Maçonaria, filósofo e historiador. Utilizou seus amplos talentos para pesquisar e reescrever os Rituais do Rito Escocês Antigo e Aceito. Sua reputação como jurista, orador, filósofo, soldado, sábio e poeta, se espalhou pelo mundo.

Morreu na casa do Templo do Rito Escocês em Washington, D.C. em 2 de abril de 1891 e está enterrado no Cemitério Oak Hill, na mesma cidade.

Em 1898 o Congresso dos Estados Unidos aprovou a construção de um monumento em sua honra, que foi terminado e inaugurado em outubro de 1901 na Praça do Judiciário, em Washington, D.C.. O monumento o descreve como um “pioneiro, um cruzado da justiça para os índios americanos, brincalhão, reformador, jornalista, filósofo, advogado proeminente......general da Guerra Civil, violinista, cantor, compositor; realmente, um homem da Renascença”. Fonte: Introdução do Livro Moral e Dogma - TOMO I  
Moral de Dogma – Albert Pike

A pretensão deste trabalho é sintetizar o texto do autor dentro do Grau de Mestre e tentar fazer uma ligação entre o momento de 1871, onde o livro foi escrito e os dias atuais.

Temos de ter em mente o momento político, religioso, social, mundial e norte americano onde o conhecimento existente no ano de 1871 que o autor utiliza para fazer seu texto.

Pike diz: “Sabedoria, Força e Beleza são forças que estão ao alcance de todas as pessoas; e uma associação de pessoas plenas dessas forças só pode exercer um imenso poder no mundo. Se a Maçonaria não o faz é porque parou de possuí-las”.  

Será que hoje estamos utilizando este “imenso poder”? Como podemos faze-lo?

Citarei de forma resumida e apresentando parte de textos do livro onde acrescentarei alguns comentários visando o pensamos analíticos de todos.


1)    As Luzes:


“A Loja é suportada por três grande colunas, SABEDORIA, FORÇA e BELEZA, representadas pelo Mestre, Primeiro Vigilante e Segundo Vigilante; e estas são as colunas que sustentam a Loja, “porque Sabedoria, Força e Beleza são a perfeição de tudo, e nada pode perdurar sem elas”. “Porque”, diz o Rito de York, “é necessário que haja Sabedoria para conceber, Força para sustentar e Beleza para ornamentar todos os empreendimentos grandes e importantes”.

“A Sabedoria e a Força da Divindade estão em equilíbrio........ “

“.............Sabedoria, Poder e Harmonia constituem uma tríade Maçônica. Eles têm outros significados mais profundos, que podem em algum tempo ser revelados a você.”

Vamos parar para analisar no nosso micro cosmo (nossa Loja, nossa Cidade) estamos concebendo através da SABEDORIA? Estamos usando a FORÇA para sustentar? E estamos a BELEZA está ornamentando nosso empreendimento?

...”Todas as FORÇAS à disposição das pessoas, ou sob seu controle, ou sujeitas à sua influência, são suas ferramentas de trabalho. A amizade e solidariedade que une os corações são uma força como a da atração ou coesão....................
.......Se os laços de amizade, afeição e amor forem anulados, a humanidade tornar-se-ia uma multidão furiosa de animais de rapina selvagens.”

“Moralidade é força. É a atração magnética do coração em direção à Verdade e à Virtude.”

“É como se os grandes axiomas da moralidade fossem falhar e deixassem de ser verdadeiros, deixando a alma humana à deriva, sem esperança......”


2)    Simbolismo:


“....Os instrumentos mais antigos da educação foram os símbolos; tanto eles quanto todas as outras formas diferiam e ainda diferem conforme circunstâncias e imagens, de acordo com diferenças de conhecimento e cultivo mental. Toda linguagem é simbólica, pois é aplicada a fenômenos e ações mentais e espirituais. Todas as palavras têm, primariamente, um sentido material;...”

“A Natureza é o grande Professor do gênero humano, pois é a Revelação de Deus. Ela não dogmatiza nem tenta tiranizar compelindo a um determinado credo ou interpretação especial. Ela nos apresenta seus símbolos e não explica nada. É o texto sem o comentário; e, como bem o sabemos, é principalmente o comentário e a interpretação que levam ao erro e à heresia e à perseguição. Os primeiros instrutores da humanidade não só adotaram as lições da Natureza, como tanto quanto puderam seguiram seu método de comunicá-las.

Nos Mistérios, além das atuais tradições ou recitais sacros e enigmáticos dos Templos, poucas explicações eram dadas aos espectadores que eram deixados, como na escola da natureza, a fazer suas próprias inferências. Nenhum outro método poderia ter-se adequado a cada degrau de cultura e capacidade. Empregar o simbolismo universal da natureza em vez das tecnicalidades da linguagem recompensa o mais humilde pesquisador e desvenda seus segredos a qualquer um proporcionalmente ao seu treinamento preparatório e à sua capacidade de compreendê-los.

Se seus significados filosóficos estiverem acima da compreensão de alguns, seus significados morais e políticos estarão ao alcance de todos.”


3 – Moral


“.......toda característica moral das pessoas encontra seu protótipo entre as criaturas de inteligência mais baixa; que a cruel maldade da hiena, a rapacidade selvagem do lobo, a ira impiedosa do tigre, a astuciosa deslealdade da pantera, são todas encontradas nos seres humanos e, quando encontradas, não devem provocar emoção diferente do que acontece quando as encontramos nos animais.

Por que iria uma pessoa verdadeira zangar-se com os gansos que sibilam, com o pavão que se empertiga....... Sempre, também, é verdade que é mais nobre esquecer do que revidar; e que, em geral, devemos mais desprezar os que cometem alguma injustiça conosco do que sentir a emoção da raiva, ou o desejo de vingança.”

As moral nesta parte do texto é referente a capacidade de um Mestre de estar acima de sentimentos de vingança, ódio e outros que nos transformam em “animais bestiais” em momento de uma raiva.


4 - Honra e Dever


“Honra e Dever são as estrelas-guia de um Maçom, os Dioscuri (gêmeos), os quais, nunca perdidos de vista, eles poderão evitar um naufrágio desastroso. .......................

................ o Maçom que perde de vista a Honra e o Dever, deixando de ser governado pela sua força potencial e beneficente, perde-se e, afundando, desaparecerá desonrado e sem ser lamentado...”

Ao analisarmos nossos deveres intrínsecos como Mestres Maçons a HONRA e o DEVER para com o próximo sempre deve ser nossa maior norteador.


5 – Acácia e suas relações:


“....A Acácia genuína, também, é a espinhosa tamareira, a mesma árvore que cresceu em torno do corpo de Osíris.

Era uma planta sagrada para os árabes, que dela fizeram o ídolo Al-Uzza, que Maomé destruiu.
É um arbusto abundante no Deserto de Thur, e dela foi feita a “coroa de espinhos” que foi colocada na fronte de Jesus de Nazaré.

É um tipo de planta que era associada à imortalidade por causa de sua tenacidade em manter-se viva, pois era sabido que, quando colocada como batente de porta, criava raízes novamente e estirava ramos floridos sobre a soleira.....”

Se remetermos a nossa lenda do Grau de Mestre e as várias descrições acima podemos traçar nas nossa “Pranchas de Mestres” inúmeras possibilidades sendo uma delas a imortalizada de Hiram Abif até nossos dias...................vamos refletir ......

6 – Vontade, Eloquência e Amor


A VONTADE (Determinação) é uma força; seus limites ainda não são conhecidos.

É principalmente no poder da VONTADE que vemos o espiritual e o divino nas pessoas.

Existe uma aparente identidade entre a sua Vontade (Determinação), que move outras pessoas, e a Vontade Criativa, cuja ação parece tão incompreensível.

São as pessoas com DETERMINAÇÃO = VONTADE e de AÇÃO, não as pessoas de puro intelecto que governam o mundo.

Se nós Maçons aqui que podemos temos um intelecto mais apurado se tivermos a VONTADE que poderá nos segurar a promover o bem comum .........


“................a ELOQÜÊNCIA, é uma força poderosa. Preocupe-se em para usá-la para bons propósitos – para ensinar, exortar, enobrecer as pessoas e não para enganá-las nem corrompê-las.

Oradores corruptos e venais são os assassinos das liberdades públicas e da moral pública......”

“.................o Amor à Pátria, Orgulho do País, o Amor ao Lar, são forças de poder imenso. Encoraje-os a todos. Insista neles com seus homens públicos. A permanência do lar é necessária ao patriotismo......................


7 – Pensamento e Ação


“.......O Pensamento verdadeiro é aquilo no que a vida culmina. Mas todo Pensamento sábio e verdadeiro produz Ação.

É generativo como a luz; e a luz e a profunda treva da nuvem passageira são dádivas dos profetas da raça. O conhecimento, adquirido laboriosamente e induzindo hábitos de Pensamento sólido – o elemento pensante –, deve, necessariamente, ser raro...”


TRÍADES:

“...........  são a FÉ, que é a única SABEDORIA verdadeira e o alicerce de todo governo; ESPERANÇA, que é FORÇA e garante o sucesso; e CARIDADE, que é BELEZA e que, sozinha, torna possível o esforço vigoroso e unido.

Estas forças estão ao alcance de todas as pessoas; e uma associação de pessoas plenas dessas forças só pode exercer um imenso poder no mundo. Se a Maçonaria não o faz é porque parou de possuí-las.”

A FÉ, ESPERANÇA E CARIDADE não sintetizam uma visão dos ensinamentos do Nazareno?

“.......Os egípcios classificaram suas divindades em Tríades – o PAI ou o Espírito ou Princípio Ativo ou Poder Gerador; a MÃE, ou Matéria, ou Princípio Passivo, ou o Poder de Concepção; e o FILHO, Resultado ou Produto, o Universo, resultante dos dois princípios. Eles eram OSÍRIS, ÍSIS e HÓRUS.

Da mesma forma, PLATÃO nos dá o Pensamento, o Pai; a Matéria Primitiva, a Mãe; e Cosmos, o Mundo, o Filho, o Universo animado por uma alma. Tríades semelhantes são encontradas na Cabala.

............. o KOSMOS, palavra que significa Beleza e Ordem, ou o Universo em si.”

Não vamos deixar de perceber que a Beleza é simbolizada pelo Segundo Vigilante, no Sul. ....

Plutarco continua dizendo que os egípcios comparavam a natureza universal ao que chamavam de “o mais belo e perfeito triângulo”, ..........................

Governo e Governantes

O primeiro princípio em uma República deve ser “que nenhuma pessoa ou grupo tem direito a remuneração ou privilégios exclusivos ou agregados da comunidade, mas só em retribuição por serviços públicos prestados; como estes não são hereditários, tampouco o devem ser cargos de magistratura, de assembleia, ou de juiz”.

É uma peça de Verdade e Sabedoria, uma lição para o estudo das nações, abrangido em uma única sentença e expresso em uma linguagem que todas as pessoas podem entender. Se um dilúvio de despotismo revolver o mundo e destruir todas as instituições sob as quais a liberdade está protegida, e isso acontecer de forma que as pessoas não mais possam se lembrar delas, apenas esta sentença seria suficiente para reacender as chamas da liberdade e reviver a raça de pessoas livres.

Porém, para preservar a liberdade, deve-se adicionar outra: “que um Estado livre não confira cargos como prêmio, especialmente por serviços questionáveis, a não ser que busque sua própria ruína; mas que todos os servidores sejam empregados por ele apenas considerando sua vontade e habilidade de prestar serviços no futuro; e, portanto, apenas os melhores e mais competentes serão os escolhidos”.

Regra é possível incumbir o poder de fazer as leis, se não apenas àqueles que tem aquele agudo sentido instintivo de injustiça e de errado que os capacita a detectar a baixeza e a corrupção em seus esconderijos mais secretos, e cuja coragem moral, generoso humanismo e independência garbosa os faz destemidos de trazer os perpetradores à luz do dia e chamando sobre eles o escárnio e a indignação do mundo. Os bajuladores dos povos nunca são homens assim.

Os políticos, em um Estado livre, geralmente são insinceros, sem coração e egoístas.

A finalidade de seu patriotismo é o seu próprio engrandecimento; e observam, com satisfação secreta, o desapontamento ou queda de alguém cujo gênio mais elevado e talentos superiores ofuscam sua auto-estima, ou daquele cuja integridade e honra incorruptível estão no caminho de seus objetivos egoístas. A influência dos aspirantes pequenos sempre está contra os grandes homens. Sua ascensão ao poder pode ser por quase uma vida.

.......consequência é que aqueles que se consideram competentes e qualificados para servir o povo recusam-se, com desgosto, a entrar na disputa de um cargo, onde a doutrina perniciosa e jesuítica que diz que tudo é válido em política é desculpa para todo tipo de vilania; e aqueles que buscam até os postos mais altos do Estado não se fundamentam no poder do espírito magnânimo, nos impulsos caridosos de uma grande alma, para orientar e mover o povo para decisões generosas, nobres e heróicas, e à ação sábia e digna; mas, qual cães servis levantados sobre suas patas traseiras, com as dianteiras obsequiosamente suplicantes, adulam, lisonjeiam e mendigam votos.

Flávio L. Greco S.
CIM 253231
A.’.R.’.L.’.S.’. Marcius da Anunciação Dias
Setembro de 2016