SIMBOLISMO

Ruy Franca

“Nenhum filósofo, estadista, sábio ou poeta, alcança genialidade, enquanto, em seu meio, sentir-se exótico ou inoportuno;

necessita de condições favoráveis de tempo e de lugar, para que sua aptidão se converta em função e

marque uma época na história”. Esta é de José Ingenieros, filósofo e sociólogo portenho, O HOMEM MEDÍOCRE.           

   Acredito que lendo o texto de José Ingenieros, considerando que o maçom tem sempre algo de filósofo ou estadista, sábio ou poeta, não é lícito excluir-se de suas obrigações e de seus juramentos.

   Há algum tempo me perguntei qual minha situação aqui, como maçom.

   Uma das razões pelas quais procuro permanecer maçom ativo é a necessidade de estar sempre buscando interpretar tudo que flui de nossos símbolos e que nos aponta um caminho para evoluir buscando melhores maneiras de ser útil.

   Entretanto uma verdade se impõe a cada um de nós. Chega um momento em que o indivíduo é socialmente excluído, em todos os ambientes. Quer porque culturamente algo se transformou e não foi absorvido, quer porque a decadência física não mais oferece condições para determinados esforços. Ou ainda, por motivos pessoais acontece a auto exclusão.

   Acrescente-se ainda o pouco tempo que às vezes é disponível para, didaticamente, expor determinada sugestão ou crítica, no momento em que surge.

   Há alguns dias, para compensar minha ausência entre colunas, resolvi rever meus livros. O primeiro deles foi Estudos Maçônicos de Nicola Aslan, Edição de 1969 do GOB, sobre SIMBOLISMO. Pela anotações e marcas a lápis encontradas lembrei-me de que em São João Del Rei, quando ocupava a Oratória, sugeri ao Venerável que se dedicasse mais tempo de nossos trabalhos ao estudo mais profundo sobre a interpretação de nossos símbolos, baseando-se, em princípio, em nossos rituais.

   Desde sua iniciação ao maçom é apresentado um método de aprendizado baseado em símbolos.

   Ao receber a LUZ ESPIRITUAL que coloca em suas mãos e ao alcance de seu intelecto um método de busca permanente à verdade, em todos os seus aspectos e sentidos – religiosos; políticos; e todos necessários para seu desenvolvimento - tornando-o sempre mais útil à humanidade.

   Se a sindicância constatou que o candidato é realmente livre e de bons costumes e preenche os demais requisitos, por mais intuitivo que for o método por ele aplicado na interpretação de símbolos, - e toda interpretação de símbolos é intuitiva -, por mais diversas que sejam as diretrizes usadas nesta interpretação, sua cultura terá como base o que ensinam nossos land marks, a filosofia e a tradição maçônicas. O maçom se apresenta assim como um autodidata.

   O conjunto de ideias que fundamentam o conhecimento maçônico, é mais antigo que a Maçonaria. Mas possui características originais porque não possui dogmas; são próprias para homens livres e sem condições de subserviências. Até a disciplina prescrita em nossos rituais, passam os valores morais, de humildade, de tolerância e solidariedade fundamentais, para a coexistência e harmonia da vida em sociedade. Por isto, e para isto, o maçom deve trabalhar em busca da perfeição e do conhecimento, aceitando somente o que que condiz com seu entendimento e que apreendeu dos símbolos.

   Pela iniciação o maçom já se depara com um método que o leva, às vezes até de maneira abrupta, à procura da verdade. Do princípio ao fim do ritual iniciatico, é-lhe apresentado propostas e conceitos que procuram mostrar-lhe a dificuldade de se chegar a uma verdade definitiva e o leva a um estudo, contínuo e persistente, a caminho do aprimoramento espiritual e cultural da humanidade. Esta pesquisa intensa e contínua em busca da Verdade constitui uma das metas da Maçonaria.

   Esta condição de não conhecer a Verdade que tanto busca, o leva aos sentimentos de humildade, tolerância, lutando com tais argumentos pelo lema L.´. I.`. F.´.-.

SUSGESTÃO: - Aprofundamento do estudo e interpretação dos símbolos constantes do ritual de iniciação e de outros ali não detalhados.