A Maçonaria na Alemanha de Hitler

Alan Morais

No início de 1934, logo após a ascensão de Adolf Hitler ao poder, ficou claro que a

maçonaria alemã corria o risco de desaparecer.

A maçonaria alemã, que conhecera dias gloriosos e que tivera, em suas colunas, os mais ilustres filhos da pátria alemã, com Goethe, Schiller e Lessingn, veria esmagado o espírito da liberdade sob o pretexto de impor a Ordem uma estúpida supremacia racial.

As Lojas alemãs, na terceira década do século XX, estavam jurisdicionadas a dez Grande Lojas regulares, divididas em duas tendências.

O primeiro grupo, de tendência humanista, seguindo os antigos costumes ingleses, tinha como base a tolerância, valorizando o candidato por seus méritos e não levando em consideração sua crença religiosa.

Este primeiro grupo era composto por sete Grandes Lojas: Grande Loja de Hamburgo; Grande Loja Nacional da Saxônia, em Dresden: Grande Loja do Sol, de Bayreuth; Grande Loja-Mãe da União Eclética dos Franco-Maçons, em Frankfurt; Grande Loja Concórdia, em Darmstadt; Grande Loja Corrente Fraternal Alemã, em Leipzig; e a Grande Loja Simbólica da Alemanha. Havia ainda a Grande Loja União Maçônica do Sol Nascente, não considerada regular, mas que também tinha tendências humanistas e pacifistas.

O segundo grupo consistia nas três antigas Lojas Prussianas, que faziam a exigência de que os candidatos fossem cristãos.

Este segundo grupo, formado pelas Três Antigas Lojas Prussianas, romperam com a tradição formando uma espúria Franco-Maçonaria Nacional Alemã Cristã, sem qualquer conexão com o restante da Franco-Maçonaria.

Declaravam eles abandonarem a ideia da universalidade maçônica e rejeitar a ideologia pacifista, que consideravam como demonstração de fraqueza e como uma degeneração fisiológica contrária aos interesses do estado.

Voltando a 1934, a Grande Loja Alemã do Sol se deu conta do grave perigo que iria enfrentar. Inevitavelmente, os maçons alemães estavam partindo para a clandestinidade, devido à radicalização política e ao nacionalismo exacerbado.

O ódio de Hitler pela Maçonaria foi divulgado num documento em 1931. Foi distribuído às autoridades do partido nazista um “Guia e Carta de Instrução”, que declarava: “a hostilidade natural dos camponeses contra os judeus, e sua hostilidade contra o maçom como um servo do judeu, devem ser trabalhados até um frenesi”.

Em 07 de abril de 1933, Hermann Goering, que quase chegou a se tornar maçom, avisou o Grão Mestre Von Heeringen da Grande Loja da Alemanha, que não havia lugar para maçons na Alemanha nazista.

O “Manual Oficial de Ensino da Juventude Hitlerista”, atacava maçons, marxistas, e as igrejas cristãs pelo seu “ensino equivocado da igualdade de todos os homens.”

Após a morte do presidente do Reich Paul Von Hindenburg (1847-1934), no início de agosto de 1934, Hitler apoderou-se do seu lugar abolindo esse cargo, fundindo as funções de presidente e de chanceler, passando a se auto intitular “Führer” e exigindo um juramento de lealdade de cada membro das Forças Armadas.

Hitler consolidava e unificava assim, todo o poder na Alemanha: chefia do Estado, comando supremo das Forças Armadas, chefia do governo e do partido único, o partido nacional socialista dos trabalhadores alemães (partido nazista). Além disso, soube conquistar o apoio da população com seu poder político e controle dos meios de comunicação.

Quando Hitler subiu ao poder, logo se posicionou contra a Maçonaria alemã, deixando claro que queria seu desaparecimento. As dez Grandes Lojas regulares da Alemanha foram dissolvidas e muitos dignitários e importantes membros das Grandes Lojas foram enviados para campos de concentração.

No início da década de 30, a Alemanha tinha 75 mil maçons e havia cerca de 200 mil livros maçônicos e a Gestapo (polícia secreta do Estado), utilizando as listas de membros das Grandes Lojas, saqueou suas bibliotecas e coleções de objetos maçônicos.

Conforme um país era invadido pela Alemanha, os bens dos maçons eram confiscados e as Lojas Maçônicas saqueadas.

Em 13 de agosto de 1940 foi assinada por Hitler a lei que proibia as Sociedades Secretas de funcionarem, porém, sabia-se que o alvo maior era a Maçonaria, pois os nazistas entendiam a Ordem como um braço da cultura judaica, pelo fato de possuírem muitos símbolos em comum. Em 19 de agosto de 1940, um decreto constatava a “nulidade” do Grande Oriente da França e da Grande Loja da França.

A Maçonaria assustava os tiranos com seu ideário liberal, fraterno e democrático. Os arquivos preservados do “Escritório Central de Segurança do Reich”, órgão do partido nazista que controlava as polícias, segurança alemã e administração das mesmas, revelam a perseguição aos maçons, e estima-se que entre 80 mil e 200 mil maçons foram exterminados, vitimas apenas de suas convicções.

Nessa época a perseguição contra os maçons aumentou, muitos foram assassinados e suas mulheres estupradas. Outros tantos foram enviados para os campos de concentração. Outras instituições também foram perseguidas, como a Rosacruz e a Sociedade Antroposófica fundada por Rudolf Steiner (1861-1925).

Ciganos, homossexuais, intelectuais, poetas e escritores contrários ao regime, testemunhas de Jeová, inúmeros padres, além dos judeus, foram enviados aos campos de extermínio.

Por fim, as atrocidades perpetradas pelo regime nazista aos maçons somente tiveram fim após o fim da Segunda Grande Guerra Mundial.

Divinópolis, 18/04/2016

ALAN MORAIS DINIZ – CIM N.º 289.992 - Ap.’. M.’. – A.’. R.’. L.’. S.’. MARCIUS DA ANUNCIAÇÃO DIAS N.º 3430

Fontes de pesquisa:

http://bibliot3ca.wordpress.com/o-conceito-maconico-de-liberdade-maconaria-e-o-iluminismo/

https://bibliot3ca.wordpress.com/a-maconaria-alema-e-suas-atitudes-em-relacao-ao-regime-nazista/

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