das pessoas que estejam num determinado local, e para atingir a plenitude e para sua manutenção, ela depende da energia de cada um de seus criadores. Quando várias pessoas tem o mesmo objetivo comum, a energia se agrupa e se aglomera em um egrégoro e segundo as doutrinas que aceitam a sua existência, ela está presente em todas as coletividades, sejam nas mais simples associações, ou mesmo nas assembleias religiosas. Essa poderosa central de energia magnética é capaz de interferir e gerar uma série de fenômenos sobre as pessoas presentes.

         O termo Egrégora não consta ainda nos principais dicionários da língua portuguesa, pois pela sua complexidade seria indefinível em poucas palavras, no entanto, seu significado, seu sentido e seu efeito sobre as pessoas são inquestionáveis. Por ser obscura em sua expressão e interpretação, temos que buscar sua etimologia para tentar elucidá-la. Literalmente, Egrégora significa “coletada ou reunião no mais alto” sendo esse significado encontrado nas raízes do antigo Grego e Latim.

         Platão há mais de 2400 anos, já tinha se referido a este fenômeno, mas se recusou terminantemente a escrever sobre o tema, mantendo-o em segredo, pois segundo o venerável filósofo que muitos dizem ter sido um iniciado nos mistérios Egípcios, as palavras não se prestam inteiramente a transmitir as verdades captadas pela intuição, e os vocábulos, além de insuficientes, certamente deturpariam a verdade. Platão já conhecia o processo do saber intuitivo humano.

         Se a manifestação ocorre entre duas pessoas, que dizer então quando se reúnem, numa mesma sala, diversos intelectos a pensar sobre o mesmo tema! Não é questão de ver, mas de sentir, perceber, e isso vai depender da sensibilidade de cada um. Locais sagrados como Aparecida, Lourdes e Fátima, têm egrégoros poderosíssimos, formados pela fé e pela mentalização dos devotos, que acumulam as energias psíquicas dos fiéis, e quando alguém consegue canalizar para si as energias psíquicas acumuladas no egrégoro, provoca o conhecido milagre. Esta é a explicação oculta da realização de grande parte dos milagres que acontecem.

         Os cientistas utilizam outros termos para identificar o fenômeno como “redes diencéfalo” “redes intercerebrais” e outras denominações ainda mais complexas, dando contornos fora do alcance do homem comum. O Instituto Max Planck para o Desenvolvimento Humano, em Berlim (Alemanha) comprovou que quando dois músicos tocam juntos, formam-se “redes intercerebrais” que fazem com que as mesmas partes do cérebro funcionem em sincronia perfeita, para que ambos funcionem como uma única rede “diencefálica”. Os membros de uma orquestra sinfônica estão familiarizados com o fenômeno: o impulso para suas próprias ações parece vir não de sua própria mente de forma isolada, mas parece ser controlado pela atividade coordenada do grupo.

         Ao anlisarmos sob todos esses vários aspectos, veremos a Maçonaria por ser uma instituição iniciática que reune homens de bons costumes e boas intenções num esforço conjugado para promover o bem, ávidos por justiça, equidade, sabedoria e crescimento espiritual, empenhados em melhorar não só a si próprios, como também aos seus semelhantes, é uma das congregções humanas mais bem preparadas para atingir a geração da egrégora em toda sua plenitude.

         Ao ingressarmos na Maçonaria, estejamos ou não conscientes do fato, escolhemos participar da egrégora da Ordem. Passamos a integrar um corpo unificado de homens do mundo inteiro, mesmo estando inscritos em numa Potência especifica segundo nosso Ritual, pois todas as Potências formam um só grupo, com um único propósito comum. Tornamo-nos então parte de uma família sagrada e mundial. Como Maçons estamos ligados psiquicamente a todos os atos maçônicos, sejam eles passados, presentes ou futuros; estamos harmonizados indelevelmente com seus pensamentos, simbolismos e tradições. A energia que acumulamos ao longo dos séculos é despertada em nossas reuniões quando bem feitas, fortalecendo cada vez mais em poder e divindade a “consciência do grupo” e a nós individualmente. São muitas as vantagens de se pertencer conscientemente à egrégora Maçônica. Está à disposição dos verdadeiros iniciados um grande reservatórios de energia e de informações, verdadeiras auto-estradas para comunicação e aprendizado a nível intuitivo entre os seus membros.

         A abertura de nossos trabalhos, o desenvolvimento e fechamento, enfim, toda a ritualística, sao contatos que temos com portais sublimes, são acessos que temos a planos mais elevados que se refletirão em todos os aspectos de nossas vidas, dentro ou fora da Loja. Um dos motivos pelos quais nossos rituais são tão poderosos espiritualmente se assenta na tradição secular em que eles estão fundados, pois se tornaram um poderoso foco de consciência, e a energia acumulada de séculos se manifesta durante esses rituais.

         Para que ela surja é necessário, no entanto uma preparação ambiental adequada, formada pelo som (o mestre de harmonia tem papel fundamental em sua consolidação), pelo perfume do incenso e pelas vibrações dos presentes. O maçom deve eliminar ainda no átrio, todos os pensamentos inapropriados para o culto maçônico, deixando prevalecer apenas a Intuição, o amor fraterno, a união, a seriedade e solidariedade incondicional, que são condições indispensáveis numa sessão de Loja Maçonica para captar essa energia. O Maçom deve ainda estar regular, e por regular deve ser entendido aqui não só o maçom que frequenta sua Loja e esteja em dia com suas obrigações pecuniárias, mas também, e principalmente, que estuda os ensinamentos maçônicos e os aplica em seu dia-a-dia.

         Os mais sensitivos percebem esta entidade, ela se mantém silenciosa e atua de imediato em cada maçom presente, dando-lhe a assistência espiritual de que necessita, manipulando as permutas de maçom para maçom, construindo assim a Fraternidade.Uma vez formada, a egrégora excede em muito a somatória individual do grupo, e quando consolidada com ideais nobres, esse agregado recebe complemento da Consciência Universal, Deus, o SADU. Ela atua equilibrando as desigualdades emocionais e espirituais dos Irmãos em loja. Grande é sua atuação na Cadeia da União.

       O fenômeno existe e nada tem de mágico! Muitos maçons se utilizam deste conhecimento e aplicam esta poderosa ferramenta na vida profana. Quando entram em uma reunião, num instante, procedem a leitura daquela egrégora específica, e na maioria das vezes podem pressentir, muito antes de terminar uma reunão, qual vai ser o resultado. Procuram ficar em silêncio no início da reunão, concentrando-se em fazer a leitura daquela energia flutuante para depois agir guiados pela intuição.

        Existe, no entanto, outra ala de escritores maçônicos que opõem forte resistência à aceitação da Egrégora Maçônica. Alegam que o vocábulo Egrégora não consta em nenhum dicionário vernacular, assim como em nenhum Ritual de instituição mística séria, como a Cristã, a Judaica, a Islâmica, a Budista, a Hindu e outras não menos respeitáveis. Advertem os de construção filosófica mecanicista, quea Maçonaria não é uma escola ocultista, embora muitos Maçons se esforcem para em tal transformá-la, enxertando na ritualística, práticas superticiosas. Dizem ser a Egrégora uma falsa entidade psíquica, um falso culto, um falso ídolo criado pela devoção errada do desconhecido, um falso censo de controle sobre nossos temores, uma heresia maçonica. Portanto, seu exato entendimento ainda está longe de um consenso. Para uns ela existe, é uma entidade, uma energia, enquanto que para outros, ela constitui o resultado de uma fantasia criada por maçons ocultistas. .

         Se existe ou não e se temos sensibilidade para percebê-la, teremos que descobrir por nós mesmos, caminhando sozinhos na estrada do desenvolvimento e na vivência do dia a dia da prática maçônica. A Maçonaria forma livres pensadores sem submeter a verdade a um molde. Faculta aos seus adeptos o lugar físico, o ambiente propício, os meios e instrumentos simbólicos, o tempo necessário para que o maçom como homem livre e instruído investigue a verdade, creia naquilo que melhor lhe confortar, e utilize as suas  descobertas para o seu próprio crescimento pessoal.

                 Oportuna é a citação do grande escritor maçônico Rizzardo da Camino em sua obra O Aprendiz Maçom, atinente ao assunto posto em pauta e que diz respeito também à ética maçônica: “aqueles que nada veem ou nada sentem, que atuam mecanicamente e que participam da cerimônia porque a isso foram conclamados pelo V.’.M.’., devem aceitar o desafio de participação efetiva e espiritual. Então, só assim, hão de se dar conta que a maçonaria não é um clube social ou recreativo”.

Enio Braz

C.’. M.’. A.’.R.’.L.’.S.’.Március da Anunciação Dias Nº 3430

GOB -- Divinópolis – MG.

Novembro 2013

BIBLIOGRAFIA

-- Reflexos da Senda Maçonica – Robson Rodrigues da Silva – Masdras 2004

-- O Aprendiz Maçom – Rizzardo da Camino

-- Egrégora Maçõnica – Ir.’. Antônio dos Santos Silva Or.’. Anápolis – GO

-- Egrégora ou Alma Coletiva – Ir.' Fernando César Gregório Or.’. Barirí – SP

-- Egrégora – Ir.’. Antônio A. de Sales Or.’. Salvador – BA

-- A Maçonaria - Um Ensaio Filosófico - Ed. A Trolha, Londrina/PR, 1989.

-- Egrégora. Afinal....Existe? Ir.’. Charles Evaldo Boller

-- Egrégora Maçônica - Ir.’. Ivan Luiz soares

-- Egrégora e o Livro da Lei – Ir.’. Antônio Ivan da Silva Jr

-- Egrégora Maçônica – Fenômeno da Força Incógnita – Ir..Márcio Moreira

-- Quebrando a Egréora – Ir.’. Ubirajara de Souza Filho

-- Egrégora um falso culto – Ir.’. Paulo Roberto Marinho – Or.’. Rio de Janeiro

-- Significado de Egrégora – Prof. Adhemar Ramos

-- Em Sintonia com as Egrégoras – Ir.’. Mauricio Medeiros

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