MUSEU DA FRANCO-MAÇONARIA

Cristiano Feleiros

PARIS

Com as cores da liberdade, igualdade e fraternidade, ou da beleza, da sabedoria e da força, a francesa Paris, a

Cidade Luz como é assim chamada, tem do Panteão à Torre Eiffel, muitos dos seus monumentos mostrando traços de símbolos maçônicos. “Muitas vezes são pequenos toques, mais que por um grande projeto organizado,” diz Emmanuel Pierrat, co-autor de Paris e os Maçons. Mas alguns construtores irmãos, realmente marcaram a cidade, incluindo referências antigas, muito populares nos séculos XVIII e XIX e em nossos rituais. Ali está uma descoberta comum dos lugares parisienses onde o visitante alerta pode detectar a presença de maçons.

O monumento dos direitos humanos de Champ-de-Mars, por Ivan Theimer, foi erguido em 1989 para o 200º aniversário da Revolução francesa. Ela celebra as virtudes do Iluminismo e o espírito de liberdade, ali onde, em 1790, teve lugar à primeira festa da Federação inspirada por La Fayette, e posteriormente as celebrações do ser supremo desejadas por Robespierre. Os ornamentos egípcios do monumento e os símbolos esotéricos (desenhos de Newton, delta radiante, sol,) que parecem alimentar a imaginação de seus visitantes.

O Grande Arco de La Defense, inaugurado em 1989, fecha a oeste do eixo vindo do Louvre, como uma pedra esculpida, polido ao extremo. “Um cubo aberto, uma janela para o mundo”, de acordo com seu arquiteto Otto von Spreckelsen. Última porta, como na antiguidade, para o mundo dos mortos, ela lembra aos irmãos sua absoluta busca da perfeição e a transição para o Oriente eterno. No topo, o escultor Raynaud projetou um pavimento com doze signos do zodíaco, homenagem ao céu, que são encontrados nos templos maçônicos.

Os fundadores do Museu do Louvre, em 1793, não eram maçons. Mas seu primeiro curador, o egiptólogo Dominique Vivant, Barão Denon, era. Assim como seu arquiteto, Pierre Fontaine, que o completou sob o Império. Seu projeto geral recorda os três espaços de um templo: a praça em frente, em torno do Carrossel, forma sua entrada secular; o pátio Napoléon sua nave sagrada; o pátio quadrado seu espaço secreto, localizado no Oriente. Suas fachadas são pontilhadas com antiga imagem adotadas pelos maçons: apertos de mão fraternais, esquadros, compassos, representações de Ísis e Osíris e letra H que lembra a Hiram, o arquiteto venerado do Templo de Salomão. Das 32 estátuas que decoram as fachadas dessas alas, três quartos delas representam maçons do Grande Oriente de França, o que é muitíssimo significativo. Se as estruturas da pirâmide de vidro do arquiteto chinês Pei não foram inspiradas pelos irmãos, elas enriquecem simbolicamente a obra. A pirâmide invertida, que mergulha no subsolo parece apelar pela busca interior que os antigos alquimistas resumiam na fórmula “Visita Interiora Terrae Rectificando Invenies Occultum Lapidem (V.I.T.R.I.O.L.)”, Visite o Interior da terra, a corrigindo, você encontrará a pedra escondida.

O Panteão projetado em forma de uma cruz grega, em 1791 foi dedicado aos “grandes homens da época da liberdade francesa”. Colocado sob o culto católico no Império, o Panteão tornou-se um templo secular e um cemitério nacional sob a influência de líderes iniciados da Terceira República. Em sua cripta repousam muitos “grandes homens” maçons, incluindo Voltaire, Victor Hugo e Victor Schoelcher.

A Estátua da Liberdade, réplica daquela de Nova York, projetada pelo irmão Auguste Bartholdi, com a ajuda de Eiffel, instalada na Ilha dos Cisnes, é uma homenagem aos ideais maçônicos dos pais da revolução americana (Franklin, Washington) e seus irmãos franceses (Lafayette e Rochambeau). Ela foi erguida a partir de 1884, graças aos esforços de maçons americanos e franceses, incluindo o Presidente Theodore Roosevelt. A placa comemorativa do centenário da primeira pedra está decorada com um compasso e um esquadro. Outra Estátua da Liberdade, menor está instalada nos Jardins de Luxemburgo.

A Champs Élysées, via triunfal, parte do Louvre e que vai ate La Defense passando pela Place de la Concorde. Ela representa o curso da vida, do nascimento à morte, o caminho do sol do Oriente ao Ocidente. Esta linha pura é marcada, no ponto do equinócio, pelo Obelisco de Luxor, totem do poder do deus Ra e símbolo do caminho perfeito do equilíbrio. Não é coincidência que o gestor de sua transferência do Egito, em 1839 foi o Barão Isidore Taylor, um irmão eminente. A presença de dois templos – este pacífico de leis com a Assembleia Nacional ao Sul e o antigo templo (guerreiro) da Grande Armée, hoje igreja de la Madeleine ao norte – completam, de acordo com alguns especialistas, o dispositivo esotérico, opondo o bem e o mal, a luz do meio-dia à noite.

A ideia da edificação da Torre Eiffel para a exposição de 1889 germinou no seio da loja Alsace-Lorraine, da qual Gustave Eiffel era um dos dignitários. Uma verdadeira pirâmide, com um farol iluminando a cidade das luzes, a torre tem três andares, um aceno para os três primeiros graus.

A Assembléia foi considerada “patrimônio nacional” em 1791, o Palais Bourbon, construído 50 anos antes, foi reformado e transformado na Câmara dos Deputados a partir de 1827 pelo arquiteto Jules de Joly, filho de um porta-voz do Grande Oriente. A decoração da sala de passos perdidos e o teto do salão da paz foram confiados ao irmão Horace Vernet. O atual frontão foi esculpido entre 1838 e 1841 por Jean-Pierre Cortot, membro da loja Grand Sphinx. Duas mulheres, portando esquadro e compasso misturam-se às personagens da história francesa.

Na Place de La Nation, o gigantesco grupo em bronze “O triunfo da República”, assinado por Jules Dalou em 1899, representa particularmente as virtudes republicanas (o Gênio da Liberdade, o Trabalho, a Paz, a Justiça, a Abundância). Ao pé da Marianne, de pé sobre seu carro podem ser vistos símbolos maçônicos, tais como o esquadro, a colméia e a acácia. Protegida por um ferreiro de avental, uma criança tem em seus braços um livro, um compasso, uma regra, um formão…

Os afrescos do Palácio d’Iéna foram adicionados em 1992 sobre as fachadas do edifício que abriga o Conselho Econômico, Social e Ambiental. Criados pelos escultores Royne e Guardici, eles representam alegorias claramente maçônicas, tais como a pedra polida, a abóbada estrelada, a pirâmide, os três primeiros graus e “a cadeia de União fraternal”.

MUSEU

Nesse cenário, em 1889 foi criado o "Museu do Grande Oriente de França”,  apresentando ao público, a história da Maçonaria e da contribuição das Lojas Maçônicas, na história da França, durante quase três séculos. No início como umgabinete de curiosidadesno Hotel Cadet.

OMuseu da Franco-Maçonaria, também conhecido comoMuseu do Grande Oriente de França e da Franco-Maçonaria Europeia, é um museu da Maçonaria localizado no9º Distrito, no número 16, na Rua Cadet,Paris,França. É aberto diariamente, exceto aos domingos, com uma entrada de 6 €.

Foi saqueado naOcupação Alemã na França durante a Segunda Guerra Mundial, mas reabriu em1973, e desde 2000 é o Museu da Franco Maçonaria e tem desde 2003 o reconhecimento de "Museu Oficial da França", emitido pelo Ministério da Cultura. Nesse mesmo ano, muitos de seus documentos históricos foram devolvidos a partir deMoscou, onde haviam sido guardados peloKGB, após a derrota da Alemanha naSegunda Guerra Mundial.

Atualmente, o museu apresenta a história da Maçonaria francesa através de seus símbolos, notas, documentos e objetos. Ele contém cerca de 10.000 itens exibidos no espaço de exposição permanente (800 m²), cerca de 23.000 volumes em seus arquivos (400 m²), e mais 400 m² dedicados a exposições temporárias.

É uma herança maçônica das mudanças que temos visto ao longo dos últimos séculos em nossas sociedades rumo à modernidade.

Nos últimos anos, a ação contínua de crescimento, lhe permitiu fazer novas aquisições, a acolher novos públicos e criar um banco de imagens. Para completar esta renovação, o museu foi completamente remodelado para mostrar as obras contidas neste lugar único da história e cultura maçônica.

Ele suporta multiplos eventos, incluindo 18 templos maçônicos. Tem um projeto científico e cultural para garantir o seu desenvolvimento e renovação nos próximos anos e tornar-se uma contínua jornada de descoberta e reflexão sobre identidade e história da Franco Maçonaria.

O objetivo do Museu da Franco Maçonaria é estar mostrando a influência maçônica sobre a evolução da sociedade, da cidadania e da modernidade.

Especificidades e desenvolvimentos na maçonaria têm deixado legados que se refletem na importância da iconografia e objetos preservados ao longo do tempo, e o museu é seu depositário.

Entre as peças emblemáticas, podemos encontrar:

FOTOS

Um retrato de Louis de Borbon, Conde de Clermont, Grão-Mestre 1.743-1.771.

Do Almirante Inglês Willian Sydney Smith, que embora envolvido em muitas batalhas contra as forças francesas, ele sempre se mostrou favorável aos ideais da franco maçonaria, a ponto se estabelecer na França e ficar lá até sua morte.

De Alexandre-Louis Roëttiers de Montaleau, o qual presidiu o quarto Conselho do Grande Oriente da França em 1799 e 1802 e foi preso durante o Terror após esconder arquivos da Ordem.

De Jean-Louis Soubdès, membro do Conselho de Anciãos Gers, então juiz do tribunal de 1 ª Instância do Sena.

Arthur Groussier, engenheiro, sindicalista, maçom e político francês socialista.

PINTURAS

Vemos uma representação da iniciação,

E chama atenção de mulheres em sessões maçônicas

JÓIAS

Na coleção de joias vemos:

Jóia do segundo Vigilante,

Cruz do grau 33, em prata,

Uma joia do Primitivo Rito Egípcio,

Uma joia Rosa Cruz,

Uma joia do 31 grau

Entre outras...

VESTIMENTAS

Podemos ver nas vestimentas:

O avental de Voltaire,

O avental de Jèrome Bonaparte,

Vários aventais de Mestre, companheiro e aprendiz.

OBJETOS

Vemos a espada flamejante de Lafayette,

Edição original das Constituições de Anderson,

Várias porcelanas, vasos, taças, copos e objetos de rituais maçônicos,

Chama atenção à referência a uma Ordem do sexo feminino, Ordem das Mopses.

CURIOSIDADES

Vemos vários instrumentos de trabalho,

A pedra bruta e a pedra polida

Painéis da loja.

IMPRESSÕES

Todos sabem que a franco maçonaria se apresenta como uma sociedade tradicional, mas no próprio interior da obediência existem alguns questionamentos sobre a natureza dessa tradição, sobre seu sentido, sobre seu futuro.

O tema das mulheres e a maçonaria são complexos e sem uma explicação fácil. Os mais tradicionalistas francos maçons, consideram em nome dos textos fundadores, que as mulheres não teriam lugar em loja. O aparecimento na mitologia maçônica da irlandesa Elizabeth Saint Lèger é mais que um ponto duvidoso. Em uma noticia publicada em 1878, descobre se a Sra Aldworth, filha de Arthur Saint Lège, visconde de Doneraile e irmã do Venerável da Loja nº44, e que em um momento de curiosidade teria secretamente espionado uma sessão. Descoberta, ela teria sido iniciada e o seu retrato em trajes maçônicos enfeitam numerosas lojas irlandesas. Desde 1895, a revista da loja inglesa de pesquisa Quator Coronati, confirma que, realmente deve ter havido uma iniciação. Muitas das Grandes Lojas, não admitem mulheres. No entanto, existem potências maçônicas, que admitem mulheres e homens ou exclusivamente mulheres. Além disso, existem muitas Ordens femininas são associadas com a Maçonaria regular, como a Ordem das mulheres maçons, a Ordem da Estrela do Oriente, a Ordem de Amaranth, a Ordem Internacional do Arco-Íris, Santuário Branco de Jerusalém, a Ordem Social de Beauceant e Filhas de Jó.

Toda a historia da franco maçonaria é a historia do relacionamento com filósofos, cientistas e a origem da liberdade espiritual, intelectual e moral, com renegações que se iniciaram na Inglaterra, leais a uma tradição que é a transmissão e da evolução. E nos damos conta que atualmente, na Europa continental, mais particularmente na França, que a franco maçonaria continua a promover essa liberdade: a liberdade do espírito.