EXPLICAÇÃO SIMBÓLICA DO ESTANDARTE DA LOJA MAÇÔNICA MARCIUS DA ANUNCIAÇÃO DIAS

Eduardo Ramos de Assis Pereira

    A palavra estandarte significa segundo o dicionário Michaelis, bandeira, insígnia distintiva de uma corporação, comunidade religiosa ou confraria, sendo que seu uso remonta as mais antigas civilizações, sendo que os romanos sempre usaram os estandartes como forma de identificação de suas legiões.
    O estandarte da Aug.: e Resp.: Lj.: Simb.: Marcius da Anunciação Dias possui seu próprio estandarte, como toda loja maçônica, com as cores predominantes, azul e dourada. Essas cores transmitem para aquele a vê tranqüilidade, harmonia e serenidade. “A cor Azul simboliza a universalidade do espírito maçônico, é a cor adotada pelo rito Brasileiro em suas Lojas Simbólicas. A cor Dourada é a cor que reflete da Luz do Sol, que é a luminária terrestre que ilumina o Oriente.”.  
    E, ainda conforme explicação feita pelo Ir.: Marlúcio de Oliveira, sobre o estandarte, procurou-se representar alguns símbolos do templo maçônico bem como sua simbologia.
     A insígnia da loja, na realidade reflete o próprio templo maçônico, sendo que essa se apresenta tridimensionalmente demonstrando o oriente, onde a luz do Sol nasce, como o ocidente, quando a luz do dia morre.
    No plano inferior, encontramos o pavimento mosaico feito com quadrados em preto e branco comum em todas oficinas maçônicas, significando antes de tudo, a dicotomia do homem, o contraste das coisas profanas, o bem e o mau, o sim e o não, o dia e a noite, a vida e a morte.
    A maçonaria e, portanto, a Lj.: Marcius da Anunciação Dias, é uma instituição que tem por fim último à harmonização entre os diferentes, ou seja, na diferença criamos do todo, a unidade e a união sobre todos os assuntos que dividem os homens.
    Sobre o pavimento mosaico existe a celeuma de como esse deve ser disposto, em forma de losango ou em forma de quadrado?
    O Ir.: Joaquim da Silva Pires, em seu livro, Um estudo Ritualístico de Primeiro Grau , o correto é se dispor em forma de quadrado, vez que, o losango na realidade não possui ângulos retos como o quadrado que representa a igualdade entre os irmãos dentro da maçonaria. Como ensina o irmão supra citado: “A disposição desses ladrilhos, alternados define linhas retas que servem para regular os passos dos Ir.:. Assim, o iniciado, livre das misérias profanas, é posto a pisar sobre pedras lavradas e a andar com passos dirigidos e firmes, pois, reto é o passo do Ap.: e reto é o seu caminho.”  
    Aos lados aparecem as colunas em estilo dórico, coluna muito utilizada pelos gregos em suas construções, contendo em seu centro, ao sul, a letra B.:, a palavra sagrada do aprendiz, significando a alegria. No cume da coluna B.: está disposto o globo com a constelação do Cruzeiro do Sul, que fica no centro da abobada celeste, ao norte, encontramos a coluna com a letra J.: em seu centro, e, em seu cume encontramos uma abóbada terrestre. A abóbada celeste significa o mundo espiritual e a abóbada terrestre significa o mundo material.
    O Irmão Marlúcio de Oliveira, um dos idealizadores do estandarte, nos diz:

[...] os quatro primeiros degraus, de cor mais clara, que no Rito Brasileiro dão acesso ao Oriente, obedecem a uma vasta simbologia que envolve o número quatro nas tradições religiosas, filosóficas e místicas de antigas civilizações: entre os judeus, o nome de Deus se escreve com quatro letras IEVE, e os gregos o denominam Tetragramation, ou seja, “o nome de quatro letras”, na Índia é simbolizado pelo lotus de quatro pétalas, que é o símbolo da evolução corpórea. Os quatro (degraus) simbolizam a Terra: Norte, Sul, Leste e Oeste.
Na Iniciação Maçônica há um destaque simbólico importante dos quatro elementos aristotélicos: Água, Fogo, Terra e Ar.
Os três degraus seguintes, mais escuros, que se sobe ao estrado onde se encontra o Sólio ou Trono do Venerável, além de toda simbologia e o misticismo que envolve o número três na Maçonaria através dos ternários, tríades e trilogias conhecidas, na Loja de Aprendiz, eles representam fundamentalmente: Sapientia, Salus e Stabilitas, ou Sabedoria, Força e Beleza, que são atributos do primeiro escalão da Loja, Venerável, 1º e 2º Vigilantes. Esotericamente representam sucessivamente o plano Físico ou Material; o plano Intermediário ou Astral; o plano Psíquico ou Mental, que correspondem à divisão ternária do ser humano em Corpo, Alma e Espírito.

    No centro do estandarte, encontra-se o timbre da loja, ou selo, marca, carimbo, com um esquadro sobreposto a um compasso, o esquadro para o grau de aprendiz maçom é símbolo da retidão e também da ação do homem sobre a matéria e da ação do homem sobre si mesmo. Lembrando que devemos regular a nossa conduta e as nossas ações pela linha reta e pela régua maçônica, pelo temor a Deus a quem temos de prestar contas das nossas ações, palavras, pensamentos simbolizando a moralidade. O compasso, no 1º grau da maçonaria, simboliza o espírito do pensamento nas diversas formas de raciocínio, e também do relativo (círculo) dependente do ponto inicial (absoluto). Os círculos traçados com o compasso representam as lojas. Também pode ser considerado como símbolo da perfeição, vez que, esse instrumento para os antigos construtores, é hábil para se fazer círculos perfeitos.
Sobre o compasso esclarece o Ir.: Marlúcio de Oliveira, que também significa o comedimento nas buscas, já que traçando círculos, delimita um espaço bem definido. No plano místico é a representação da espiritualidade. Entrelaçados, na interpretação mística da posição no primeiro grau, o esquadro ocultando as bases do compasso significa que o Aprendiz, ainda imperfeito e no início de sua caminhada em direção a luz, a materialidade suplanta a espiritualidade.
    No centro do timbre encontramos o olho onividente, ou seja, o olho que tudo vê. Esse amuleto antigo do Deus mítico oriundo do Egito, que perdeu seu olho em uma batalha, sendo que segundo a lenda de Osíris, na sua vingança, Set arrancou o olho esquerdo de Hórus que foi substituído por um amuleto, que não o dava visão total, então colocou também uma serpente sobre sua cabeça. Depois da sua recuperação, Hórus pôde organizar novos combates que o levaram à vitória decisiva sobre Set.
    O Olho direito de Hórus representa, a informação concreta, factual, controlada pelo hemisfério cerebral esquerdo. Ele lida com as palavras, letras, e os números, e com coisas que são descritíveis em termos de frases ou pensamentos completos. Ele aborda o universo de um modo masculino.
    Como centro do olho de Hórus encontramos o Sol, o astro rei, que irradia a luz garantindo a vida no planeta terra, podendo ainda simbolizar o conhecimento, a razão e a ciência, vez que retira o iniciado da ignorância do mundo profano significando também a sabedoria do Supremo Arquiteto do Universo.