Quando se fala em Tiradentes, Joaquim José da Silva Xavier, logo se lembra de que fora o mártir da Inconfidência Mineira, o qual fora preso, morto e esquartejado por ter ousado confrontar a Coroa Portuguesa neste movimento que tinha o intuito de proclamar a Independência da Capitania de Minas Gerais.
Mas, por trás de toda esta questão da luta pela liberdade, pelos direitos dos colonos brasileiros, pela autonomia da colônia perante a Metrópole, se esconde uma história no mínimo controvertida sobre a imagem de Tiradentes, muito diferente daquela que nos foi ensinada na escola.
Segundo o escritor francês Balzac, há duas histórias: a Oficial, que é mentirosa; e a Verdadeira, que é secreta.
Assim, contrapondo a historio que nos foi contada, na realidade, Tiradentes não usava nem barba e nem bigode. Esta imitação de Cristo, por assim dizer, foi feita há tempos e sacramentada através da Lei Federal n.º 4897 de 09/12/1965, a qual declara Tiradentes como Patrono Cívico da Nação Brasileira.
Outra questão pouco difundida é que Tiradentes era maçom, bem como quase a totalidade dos líderes do movimento de independência, todavia, tal assertiva ainda é rebatida por alguns historiadores haja vista que não existe nenhuma prova documental que realmente comprove ter Tiradentes iniciado nos mistérios da Maçonaria, a não ser seu envolvimento com pessoas reconhecidamente maçônicas.
Quanto à sua ligação ao movimento dos inconfidentes, relata-se que ele fora mais um dos seus membros, e não o líder ou um dos grandes idealizadores como se pensou por muito tempo, algo que de certa forma fora imposto para nós crermos.
Tem relatos informando que Tiradentes, ao contrário do que se prega nas escolas, não era uma pessoa de boa índole. Dizem que era bonito, rico, eloquente e trapaceiro, deflorador de donzelas, e mais, que ele era contra a abolição da escravidão.
Mas, de toda a história que envolve o mártir, talvez, o fato mais polêmico diz respeito à sua morte.
Segundo relata a história, o enforcamento de Tiradentes se deu em 1792 no Rio de Janeiro, só que foi tramado que os inconfidentes seriam exilados e que toda a culpa seria somente de Tiradentes, que seria o bode expiatório.
Entretanto, segundo alguns historiadores, dentre eles Machado de Assis e Assis Brasil, relatam que Tiradentes não morreu enforcado. Quem teria morrido em seu lugar e teve seu corpo esquartejado foi o facínora italiano Renzo Orsini, ator circense, que resolveu fazer o seu último papel, isto é, ser enforcado no lugar de Tiradentes.
Ainda sobre a morte fictícia, existe ainda outra corrente que defende a tese que em 21 de abril de 1792, com ajuda de companheiros da maçonaria, Tiradentes foi trocado por um ladrão, o carpinteiro Isidro Gouveia.
Referido ladrão, segundo relata alguns historiadores, havia sido condenado à morte em 1790 e assumiu a identidade de Tiradentes, em troca de ajuda financeira à sua família, oferecida a ele pela maçonaria. Gouveia foi conduzido ao cadafalso e testemunhas que presenciaram a sua morte se diziam surpresas porque ele (Tiradentes) aparentava ter bem menos que seus 45 anos.
No livro, de 1811, de autoria de Hipólito da Costa (“Narrativa da Perseguição”) é documentada a diferença física de Tiradentes com o homem que foi executado em 21 de abril de 1792.
O escritor Martim Francisco Ribeiro de Andrada III escreveu no livro “Contribuindo”, de 1921: “Ninguém, por ocasião do suplício, lhe viu o rosto, e até hoje se discute se ele era feio ou bonito…”.
O corpo do ladrão Gouveia foi esquartejado e os pedaços espalhados pela estrada até Vila Rica (MG), cidade onde o movimento se desenvolveu. A cabeça não foi encontrada, uma vez que sumiram com ela para não ser descoberta a farsa. Os demais inconfidentes foram condenados ao exílio ou absolvidos.
Relatam ainda que Tiradentes, com a ajuda dos maçons da época e da rainha de Portugal, Da. Maria I, refugiou-se no porão da Rua dos Latoeiros e depois foi para Lisboa no navio "Golfinho", onde viveu até 1808.
Segundo o historiador Carlos Eduardo Lins da Silva, este defende a tese que o infame traidor fugiu para França onde viveu como outra pessoa.
Aliás, conta o historiador carioca, Marcos Correa, que estava em Lisboa quando viu fotocópias de uma lista de presença na galeria da Assembleia Nacional francesa de 1793.
Correa pesquisava sobre José Bonifácio de Andrada e Silva e acabou encontrando a assinatura que era o objeto de suas pesquisas. Próximo à assinatura de José Bonifácio, também aparecia a de um certo Antônio Xavier da Silva.
Correa era funcionário do Banco do Brasil, se formara em grafotécnica e, por um acaso do destino, havia estudado muito a assinatura de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.
Concluiu, à época, que as semelhanças eram impressionantes.
Portanto, sustentam alguns que a história de Tiradentes que nos foi contada, na realidade, trata-se apenas de uma história inventada pelos republicanos do séc. XIX para tentar legitimar o golpe militar republicano, e que foi reforçada pelos ditadores militares das décadas de 1960-1980.
Conclui-se, por fim, que a história do mito Tiradentes é recheada de fatos controvertidos, contudo, as versões sobre a verdadeira historia não devem atingir a figura de Tiradentes como herói nacional, que continuará para sempre como merecedor do respeito e da admiração de todo o povo brasileiro.
Divinópolis, 05/10/2015
ALAN MORAIS DINIZ – CIM N.º 289.992 - Ap.’. M.’. – A.’. R.’. L.’. S.’. MARCIUS DA ANUNCIAÇÃO DIAS N.º 3430
Fontes de pesquisa:
http://www.conjur.com.br/2010-abr-20/ultimos-dias-tiradentes-ultimos-dias-tiradentes
http://seguindopassoshistoria.blogspot.com.br/2009/09/tiradentes-o-homem-por-tras-do-mito.html
http://racismoambiental.net.br/2013/04/21/tiradentes-a-verdadeira-historia/
http://www.comunidadebrasileiranafranca.com/tiradentes-nao-foi-enforcado-fugiu-para-a-franca/
SILVA, Carlos Eduardo Lins da. Morte de Tiradentes tem contestação. Folha de São Paulo, São Paulo, 21 abril de 1999.