Ao deslocamento em loja maçônica, chamamos CIRCULAÇÃO, mas podemos encontrar também outras denominações, tais como: Circumambulação e circunvolução.
A Maçonaria possui modelos de circulação que variam conforme o Rito praticado. Há a circulação em esquadria, que respeita a linha entre o Trono da Sabedoria e o Altar e se orienta pelo Pavimento Mosaico recuado; a circulação em sentido anti-horário, chamada de sinistrocêntrica (rara); a circulação em sentido horário no Ocidente e anti-horário no Oriente (mais rara ainda); e a circulação apenas em sentido horário, conhecida como dextrocêntrica, adotada no Rito brasileiro.
O ato de girar em sentido horário, em volta de um Altar, não é coisa recente. Enquanto os egípcios valorizaram o lado esquerdo como o lado espiritual, os gregos antigos tinham o lado esquerdo como o “desfavorável” e o direito como o “favorável”, visto que, em regra, o braço direito favorece mais o dono do que o esquerdo. Daí surgiu a referência popular de que “fulano é meu braço direito”. Por esse entendimento, a circulação em torno dos altares gregos era sempre realizada de forma que o lado direito ficasse próximo ao altar.
Já os romanos, adotando o mesmo procedimento, vieram a chamar essa circulação de “dextrovorsum” e a relacionaram ao aparente movimento que o Sol faz diariamente em torno da Terra. Esse aparente movimento do Sol se deve ao fato da Terra girar no sentido anti-horário em torno de seu eixo (Rotação), o que gera a percepção para seus habitantes de que é o Sol que está se movendo no sentido horário.
Vários outros povos em diferentes épocas, tendo sempre o aparente movimento do Sol como referência, também adotavam a circulação em sentido horário, tendo altares, fogueiras, totens ou sacrifícios como eixo. Uma prática de certa forma universal. Interpretando o Templo Maçônico como um microcosmo da Terra, é fácil compreender sua adoção nos vários Ritos.
Mas porque os maçons se deslocam em sentido dextrogiro?
Raul Silva em seu livro, Maçonaria simbólica, nos explica:
“Lojas maçônicas estão situadas sobre terrenos sagrados, (a sagração destes terrenos é assunto por demais interessante e deve ser matéria de outra revisão) n.a. . Estas lojas, estão edificadas do oriente para o ocidente, e são três os motivos para que isso aconteça:
- O sol, aparece em nosso planeta do oriente para o ocidente,
- Porque vindo a luz do oriente, aí tiveram origem todas as ciências que se espalham por todos os recantos da terra
- Desde os tempos mais remotos, o homem vem aprendendo e admirando os maravilhosos trabalhos da criação; esta obra sublime que sob qualquer aspecto que se contemple, nos ensina e convence da existência de um ser supremo. São provas patentes da sua existência o culto de nossos antepassados, que jamais vacilaram em oferecer sacrifícios. Um destes sacrifícios foi a edificação do tabernáculo, situado no eixo oriente para o ocidente e mais tarde a criação do Templo de SALOMÃO.”
O oriente nos templos maçônicos deve ser entendido como lugar onde está a luz eterna para ser irradiada em todas as direções.
Uma Loja é uma pseudo materialização do universo, é o famoso micro e macrocosmo. Nas paredes dos Templos temos as Colunas Zodiacais e um ano é o tempo que o sol gasta para “circular” por todos os signos zodiacais. O interessante é que todo ano se inicia sob o signo zodiacal de Capricórnio (22/12 - 20/1), mas a nossa primeira Coluna Zodiacal é Áires. Seguindo a mesma seqüência da astronomia (Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão e Virgem) encontraremos estas colunas do extremo Ocidente indo para o Oriente do lado norte. A segunda seqüência (Libra, Escorpião, Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes) incia-se junto ao Oriente e segue até o extremo ocidente do lado sul. Portanto fazer uma volta ou circular no Templo é passar em frente a estas colunas é como aparentemente faz o astro rei, sempre no sentido destrocentrico.
A CIRCULAÇÃO:
Para circular em Loja, há 4 regras essenciais que devem ser adotadas em todos os graus simbólicos, ressalvados os procedimentos próprios:
1- No Ocidente, caminha-se sempre virando à direita (dextrógiro), contornando-se a Loja, ou seja, o lado direito do corpo deve sempre estar voltado para a parte interna da Loja. Exceto entrada ritualística quando os VVig.´. entram paralelamente no Templo. Um giro completo seria: passar ao lado do 1º Vigilante, ir até as escadas do Oriente, passar em frente ao 2º Vigilante, passar ao lado do 1º Vigilante, sem formar esquadrias nas conversões. No Oriente, se mantém o dextrogiro, contornando o Altar dos Juramentos, salvo expressa cominação do ritual.
2 - Saudar o Venerável Mestre antes adentrar o oriente, na balaustrada de separação, e antes de sair do Oriente e ao cruzar da coluna do norte para a coluna do sul, junto à balaustrada, de frente para o Venerável Mestre.
Quando o Irmão entrar ou sair do Oriente faz a saudação quando não estiver com nenhum instrumento de trabalho nas mãos; se estiver carregando algum objeto saúda o Venerável com uma respeitosa inflexão da cabeça. Não faz o sinal de saudação ao cruzar o sul para o norte próximo as colunas, nem no oriente quando passa do lado esquerdo para o direito.
3 - O Mestre de Cerimônias, portando bastão, sempre acompanha, à direita e um pouco à frente, os Irmãos que fora de funções específicas previstas nos rituais, eventualmente se deslocam em Loja.
O M.´. de CCer.´. portará bastão:
1) durante os Cortejos de entrada e saída do Templo;
2) quando acompanhar Ir.´., no decorrer da sessão;
3) nos Pálios de abertura e de fechamento do Livro da Lei.
4 - Não há deslocamento com o Sinal de Ordem ou Sinal de Obediência, salvo se expressamente previsto no ritual; não há sinal com as mãos ocupadas, ou sentado, ou andando (para um sinal, salvo disposições expressas dos rituais, exigem-se mãos livres, obreiro em pé e parado, e as três condições reunidas).
Considerações gerais:
Os Oficiais devem se deslocar com passos vivos, decididos, demonstrando que conhecem o trabalho. Todo Ir.´. que estiver circulando carregando algum objeto ou instrumento, fará saudação, com respeitosa inflexão de cabeça
Falarão assentados, O Venerável mestre, o primeiro e segundo vigilantes, o orador, o secretário, o tesoureiro e o chanceler.
Antes das sessões todas a luzes deverão estar acesas, permanecendo apagadas somete se indicadas no ritual.
Iniciados os trabalhos, nenhum irmão poderá deixar a loja sem autorização do venerável mestre. Autorizado, deixará seu óbolo no tronco de beneficência se ainda não o tiver deixado
No rito brasileiro não existe giro do saco de propostas e informações, que fica na sala dos passos perdidos e é responsabilidade do mestre de cerimonias leva-lo para o interior do templo
Também no rito brasileiro não existe giro do livro de presenças dentro da loja. Todos os irmãos devem assina-lo na sala dos passos perdidos. Faltando algum irmão que por ventura chegue atrasado, este deve ser encaminhado ao altar do chanceler, acompanhado pelo mestre de cerimonias, para a assinatura do mesmo e logo depois tomar seu lugar em loja.
A circulação do tronco de beneficência deve ser realizada de forma sistemática pelo irmão hospitaleiro e pode ser auxiliado pelo irmão primeiro experto
O irmão hospitaleiro terá seu óbolo colhido com auxílio do irmão guarda do templo
Na sessão do rito brasileiro, após o anuncio: “ Em loja meus irmãos” até o anúncio, “está encerrada a sessão, retiremo nos em paz”, toda a circulação será feita obedecendo o sentido dextrogiro, e todos os irmãos sem exceção, deverão respeitar esta regra e saudar ao venerável e o delta luminoso ao cruzar o sentido norte sul próximo a balaustrada.
A postura correta que os irmãos manterão assentados durante a sessão, é a de manter as pernas paralelas, nunca cruzadas, assim como os braços, em hipótese alguma é permitida uma postura menos formal.
SINAIS E USO DA PALAVRA:
Sinal de ordem:
Ao se levantar para fazer uso da palavra, passando imediatamente ao sinal de obediência
Sinal de obediência:
Usado na abertura dos trabalhos, no encerramento após o fechamento do livro da lei, e toda vez que o irmão estiver de pé para fazer uso da palavra
ENTRADA APÓS O INICIO DOS TRABALHOS
Independente do grau que a loja estiver trabalhando, o irmão que chegar após o início dos trabalhos, deverá dar somente três batidas na porta. Se não for possível adentrar no momento, deverá o cobridor responder com uma batida na porta, indicando que o irmão deve aguardar. Caso a loja esteja trabalhando no grau de aprendiz, companheiro ou mestre, deverá o irmão cobridor se dirigir a sala dos passos perdidos e proceder o telhamento relativo ao grau. É incorreta a prática de alterar a batida do grau para permitir a entrada do irmão.
Concedida a entrada, deverá o irmão proceder com formalidades.
Devemos ter em mente que não se encerra aqui o assunto, e que, os estudos frequentes com a prática levarão a perfeição. Já é um avanço reconhecer que uma sessão maçônica, se realizada com esmero, atenta aos detalhes ritualístico, simbólicos e litúrgicos tem o poder de renovar a todos .
Bibliografia:Maçonaria simbolismo e tradição, Raymundo Delia Jr/Maçonaria simbólica , Raul Silva/Apresentação do irmão José Robson Gouveia Freire, secretário da reitoria do supremo conclave - internet