SER LIVRE E DE BONS COSTUMES

Gilson Assis Morais Maia

      Nós maçons temos a obrigação de ter e praticar bons costumes. Mesmo aquele que ingressou na Ordem sem estar preparado,

através do convívio com os outros devidamente preparados, descobrirá por si só o que deve faze para se tornar um verdadeiro iniciado.
    Uma das primeiras perguntas a ser respondida pelo candidato a iniciação maçônica, é se o mesmo é livre e de bons costumes. Em uma análise superficial todos nós respondemos, sem dúvida alguma, que sim. Porém, devemos nos aprofundar um pouco mais na questão para que possamos tirar alguma conclusão se somos realmente livres e de bons costumes.
    Vamos dividir o tema em partes para melhor compreensão.
    Tomemos inicialmente o termo “ser livre”. Em epocas remotas era comum o homem ser incluído na condição de escravo, ou por ter caido prisioneiro em guerra, ou por não saldar compromissos financeiros assumidos, ou ainda, mais recentemente, o tráfico de negros africanos. Esse tema é bastante conhecido por todos nós pela farta literatura existente, e por ser muito explorado pelo cinema e televisão.  Nessa condição o escravo não podia pleitear seu ingresso na maçonaria por não ser livre. Felizmente os direitos humanos foram sendo paulatinamente reconhecidos e hoje não existem mais escravos em nosso país. Todos somos livres. Sim, todos somos livres no sentido literal da frase, isto é, temos o direito de ir e vir. Assim sendo, o “ser livre” não é mais privilégio de ninguém.
      Temos que sentir a liberdade numa amplitude muito maior. Ser livre é possuir a faculdade e também o dom de sentir-se liberto, de despertar para a escolha de um caminho, em qualquer época da vida e procurar trilhar esse rumo, em busca de algo maior, sem se deter nos entraves do medo, da ocupação, da dúvida, da incerteza, da insegurança, da descrença, da cobiça e muitos outros.
      É comum ouvirmos frases assim:”Na minha idade não mais para mudar”; “Agora não posso, estou muito ocupado”; “ Não tenho tempo para avaliar isso, depois eu vejo”. Na verdade quem se julga velho para reformular sua vida, tomar uma atitude diferente, cai no desânimo. O ocupado, que nunca tem tempo para nada, faz dessa situação uma fuga, não podendo ser considerado livre. Está sempre apressado e fugidio e se analisarmos sua vida, veremos que é vazia. A dúvida deixa-nos prudente em demasia e é companheira constante do medo. A incerteza é própria dos fracos; a liberdade pode significar certa renúncia que, para o vacilante é um freio, quer ir mas não vai, avança um pouco e retrocede muito e assim passa toda a vida em lamentações.
      A maçonaria só admite uma escravidão: a da verdade. Essa é, positivamente, o melhor alimento para o espírito. O homem só é livre quando consegue se livrar do cativeiro das imperfeições terrenas. Sua vontade não pode ser submissa para satisfazer interesses de terceiros, em desarmonia com o bem geral da humanidade. Um homem verdadeiramente livre é um força viva, sabe o que quer e executa o que deseja, independentemente de apoio alheio e dirige-se por si mesmo.
Vejamos agora o termo “bons costumes”.
Costume é a atitude consagrada pela tradição, que se impõe às pessoas do grupo e se transmite através das gerações. É claro que estamos tratando de costumes que tenham uma certa característica, isto é, que sejam bons, mesmo porque na maçonaria jamais seria aceito alguma coisa que não pautasse por uma moral aceita e consagrada. Bons costumes são, portanto, o comportamento moral do indivíduo na sociedade, em seu grupo quer seja ele grande ou pequeno.
Dizemos que os princípios devem ser consagrados pela tradição, visto que, o comportamento social pode mudar de época em época e também de região para região. A tradição constitui uma herança familiar que toda família preza, conserva e transmite a seus descendentes. O comportamento moral é um dos valores que devem ser preservados e cultivados. A moral não é uma camisa de força que obrigatoriamente se impõe as pessoas, cabe a cada um consultar sua consciência e decidir pelo caminho da moral ou não. É claro que dentro de uma sociedade, parte de seus membros tenha comportamento contrário a moral tradicional ou constitucional, mas, será sempre exceção à regra. A preocupação de todos é de sempre colocar um freio nessas exceções.
      Será que, ao propormos  um candidato para ingresso na maçonaria analisamos profundamente sobre seus bons costumes? É bom lembrar que, é pessoa de bons costumes dentro de um conceito social. Não temos porventura presenciado lutas internas, dissabores, malquerências, intolerâncias, incompreensões dentro de nossa irmandade? E por quê ocorrem esses fatos de todos foram considerados livres e de bons costumes? É necessário então, que o candidato, além de ter bom comportamento moral, seja analisado quanto á prática, o exercício, o costume de ocupar sua mente com pensamentos elevados. Se procura instruir-se, se tem curiosidade de ampliar o conhecimento, enfim, dar alimento ao cérebro.