Poucos aspectos da história são mais fascinantes que os Mistérios da Antiguidade. Eles tiveram sua fundação em uma necessidade real da Humanidade, evocando o misticismo eterno, que é ao mesmo tempo a alegria e o consolo do homem durante a sua caminhada pela vida e por entre um emaranhado de dúvidas, perigos, doenças e morte.
Jean Delumeau, em sua obra Grandes Religiões do Mundo, diz: “O homem precisa de ritos; e essas liturgias permitem-no penetrar no espaço sagrado, que sempre se situará para além do reduto da ciência”. Esse espaço sagrado, é o lugar onde o homem depara com algo maior que ele, encontrando, ao mesmo tempo, a ordem universal e as razões para viver.
O estudo do Misticismo e do Simbolismo, busca a existência de um vínculo histórico ou filosófico, unindo as áreas do pensamento e do comportamento humano.
A influência do misticismo egípcio sobre a maçonaria é, em sua grande parte, similar à influência mesopotânea, no que se refere ao culto solar e à Astrologia, sendo de se destacar que o hábito de se decorar o teto maçônico com estrelas, planeta, o sol e a lua é de origem egípcia, pois imita o templo de Luxor que apresentava o teto todo estrelado. Os templos egípcios representavam a Terra, da qual cresciam as colunas, como gigantescos papiros ao céu estrelado. As colunas no pórtico do templo, que embora baseadas naquelas existentes no templo de Jerusalém, são egípcias, mostrando estilizadamente as duas plantas sagradas do Antigo Egito: folhas de papiro e flores de lótus. São colunas, como as egípcias, sem função de sustentação, como as colunas gregas, cuja função, principalmente no caso da coluna dórica, era suportar o peso de um entablamento.
Há autores que defendem a origem da maçonaria nos tempos egípcios, dizendo que as práticas hebraicas, hoje presentes em alguns ritos maçônicos, foram transmitidos aos Hebreus, por Moisés, que teria sido iniciado nos Mistérios Egípcios.
Sempre que nos debruçamos sobre o estudo de qualquer ramo da história, sentimos a sua dificuldade principalmente quando sua ação se desenrola num passado remoto. A situação se torna mais difícil, sendo no estudo da maçonaria, pois, além dela ser definida como Instituição Milenar, tem-se ainda o sigilo que sempre encobriu as atividades de todas as sociedades iniciáticas.
É fato que a Maçonaria, tal como a conhecemos hoje, é bastante jovem, pois, apesar de em seu seio sempre terem abrigado pessoas alheias aos seus quadros operativos, somente a partir do século XV é que as corporações passaram a receber em maior quantidade, elementos não ligados à arte da construção. Até então, em sua fase Medieval, era constituída por corporações e associações de classe, dedicadas à arte de construir.
Não se pode desconhecer, todavia, que no decorrer dos tempos a Instituição sempre teve a sua filosofia, a sua liturgia e a sua simbologia impregnadas pelo esoterismo, pela espiritualidade e pela mística das antigas civilizações.
É preciso que todos os Maçons se convençam de que a Ordem não é só “uma instituição filantrópica, filosófica, progressista e liberal que pugna pelo aperfeiçoamento moral e intelectual da humanidade”. É muito mais que isso. É uma ciência profunda, com seu sistema de Moral “velado por alegorias e ilustrado por símbolos”, calcada nos ensinamentos dos antigos Mistérios, e voltada para o aprimoramento do homem, para torná-lo apto ao serviço da Família, da Pátria e da Humanidade.
Bibliografia:
1- História da Maçonaria – Ed. Maçônica “A Trolha” – Marcelo Linhares
2- Maçonaria – Escola de Mistérios – A Antiga Tradição e seus Símbolos – Ed. Madras – Wagner Veneziani Costa
3- Maçonaria – Uma Jornada Por Meio Do Ritual e Do Simbolismo – W.Kirk MacNulty
4- As Origens Históricas da Mística Maçônica – Ed. Landmark – José Castellani