A fraternidade na rigorosa acepção da palavra resume todos os deveres do homem , relativamente uns com os outros, ela significa : abnegação, devotamento, tolerância, benevolência, indulgência, , é a caridade evangélica por excelência e a aplicação da máxima “agir com os outros como gostaríamos que agissem conosco”.
O contrario da fraternidade é o egoísmo.que é cada um por si.
É impossível um egoísta ser fraterno. Sendo o egoísmo a praga dominante da sociedade enquanto ele reinar dominador o reino da verdadeira fraternidade será impossível , cada um quererá da fraternidade em seu proveito, mas não a quererá para fazê-la em proveito dos outros ou se fizer será depois de estar seguro que não perdera nada .
A fraternidade é a base , sem ela não poderia existir nem igualdade nem liberdade sérias. A igualdade decorre da fraternidade e a liberdade é a conseqüência das duas outras.
Tratar de alguém como irmão, é tratá-lo de igual para igual, é querer -lhe o que gostaria para si mesmo. Numa sociedade de irmãos a igualdade será a conseqüência de seus sentimentos, de sua maneira de agir, e se estabelecera pela força das coisas .
O inimigo da igualdade é o orgulho. O orgulho que por toda parte quer primar e dominar, que vive de privilégios e de exceções pode suportar a igualdade social mas não a fundará jamais e a destruirá na primeira oportunidade, enquanto o orgulho não for destruído oporá uma barreira a verdadeira igualdade.
A liberdade é filha da fraternidade e da igualdade, falamos da liberdade legal e não da liberdade natural que é, por direito, imprescritível para toda criatura humana, desde o selvagem ao homem civilizado.
Vivendo os homens como irmãos, com os direitos iguais, animados de um sentimento de benevolência recíproco, praticarão entre si a justiça, não procurarão nunca se fazerem mal e não terão consequentemente nada a temer uns dos outros . A liberdade será sem perigo, porque ninguém pensara dela abusar em prejuízo seus semelhantes .Mas como o egoísmo que quer tudo para si , o orgulho que sempre quer tudo dominar dariam a mão a liberdade que os destronariam?
Os inimigos da liberdade são, pois, ao mesmo tempo, o egoísmo e o orgulho, como o são da igualdade e da fraternidade.
A liberdade supõe a confiança mútua; ora não poderia haver confiança entre pessoas movidas pelo sentimento exclusivo da personalidade, não podendo se satisfazer senão às expensas dos outros, sem cessar estão em guarda uns contra os outros. Sempre com medo de perder o que chamam seus direitos , a dominação é condição mesma de sua existência, por isto armarão sempre ciladas a liberdade e a abafá-la tanto tempo quando puderem.
Estes três princípios são solidários uns com os outros e se servem mutuamente de apoio. Sem sua reunião o edifício social não poderia estar completo. A fraternidade praticada em sua pureza não poderia estar só, porque sem a igualdade e a liberdade não há verdadeira fraternidade. A liberdade sem a fraternidade dá liberdade de ação a todas as más paixões, que não tem mais freio. Com a fraternidade o homem não faz nenhum mau uso de sua liberdade, é a ordem. Sem a fraternidade , ele a usa para dar curso as suas torpezas, é a anarquia, a licença.
É por isso que as nações mais livres são forçadas a fazerem restrições à liberdade.
A igualdade sem a fraternidade conduz aos mesmos resultados , porque a igualdade quer a liberdade, sob o pretexto de igualdade o pequeno abate o grande, para se substituir a ele, e se torna tirano a seu turno, isso não é senão um deslocamento do despotismo.
Nós que estamos aqui na ordem maçônica com o intuito de desbastarmos as arestas de homens orgulhosos e egoístas principalmente trabalhemos antes de tudo na base do edifício, antes de querer coroar a cumeeira, demos por base a fraternidade em sua mais pura acepção. Mas para isso, não basta decreta-la e inscrevê-la sobre uma bandeira, é preciso que ela esteja no coração , e não se muda o coração do homem com decretos.
Do mesmo modo, que para fazer um campo frutificar, é necessário preparar a terra arrancando as pragas e a fertilizando, trabalhemos sem descanso para extirparmos o vírus do orgulho e do egoísmo, porque ai esta a fonte de todo mal, o obstáculo real ao reino do bem, aparemos estas arestas e estaremos fazendo um grande bem para a ordem maçônica e conseqüentemente para toda humanidade, assim então os homens compreenderão os deveres e os benefícios da fraternidade , então também se estabelecerão por si mesmos sem abalos e sem perigos os princípios complementares da igualdade e da liberdade .
A destruição do orgulho e do egoísmo é possível, porque senão colocaríamos em suspensão o progresso da humanidade.O HOMEM MAÇOM DEVE SEMPRE CRESCER EM INTELIGÊNCIA SABENDO GERENCIAR A IGUALDADE A LIBERDADE E A FRATENIDADE e controlar o egoísmo e o orgulho .
Trabalho baseado no livro Obras póstumas de Hippolyte Leon Denizard Rivail que tem o pseudônimo de Allan kardec publicado na revista espírita em maio de 1869 .
