Apesar de cada povo adotar uma simbologia própria, alguns símbolos tornaram-se universais para a facilitação de comunicação entre os povos, visto que esse sistema de comunicação, nos tempos antigos, tinha também a função de guardar o conhecimento científico dos ancestrais, fruto de milhares de anos de conhecimento acumulado.
A maçonaria moderna, utiliza principalmente a simbologia para explicar-se e garantir aos seus iniciados a transferência dos conhecimentos maçônicos, e, dessa forma garantir sua perpetuação ao logo dos tempos.
Apesar de cada símbolo possuir uma significação própria, a interpretação desses, varia de acordo com o tempo e a pessoa que recebe a informação, sendo que, cada símbolo, mesmos os maçônicos, ganhará várias significações levando-se em conta a história de vida e época daquele que a interpreta.
A maçonaria, para explicar seus símbolos, adota através da metáfora, a idéia de arquitetura e construção, dessa forma, transmite e embasa suas teorias e pensamentos garantindo assim, a sua própria existência, sendo que, utilizando-se dessa metáfora, a ordem maçônica é erguida e sustentada por três pilares básicos ou luzes que são sabedoria, força e a beleza, ou, segundo o ritual do aprendiz maçom do rito brasileiro sapientia, salus e stabilitas, os três pilares simbólicos do Templo de Salomão.
Primeira Luz – Sabedoria (sapientia)
A primeira luz, é a luz da sabedoria, significa no mundo maçônico o Ven.: M.: que possui como instrumento de trabalho, ou jóia, o esquadro, lembrando ao maçom da retidão que esse deve conduzir sua vida no mundo profano e dentro da própria ordem. Sob a ótica arquitetural ainda pode ser representada pelo pilar Jônico e ainda, pode significar o Rei Salomão, mentor da construção do principal e mais sagrado templo dos judeus o Templo de Jerusalém, ou pela deusa romana Minerva, deusa do conhecimento e da sabedoria.
“A sabedoria é a mãe das idéias geradoras. É a inteligência que concebe o projeto do edifício, representando com clareza a obra, conforme deve ser realizada. Cria, no espírito, e determina as formas materiais destinadas à realização objetiva e, finalmente, traça plano que será executado” . A luz da sabedoria irradia a todos, ela é onisciente, ou seja, aquele que tudo sabe, significando Deus, lembrando ao maçom que o conhecimento e a ciência é a única fonte da verdade e, sua busca, é o verdadeiro objetivo do homem da arte real, vez que, o conhecimento livra-o das superstições e dos medos mundanos.
No rito brasileiro do Grande Oriente do Brasil, no altar dos juramentos, a luz do Ven.: M.: é representada por uma vela branca, ou círio, como denominado no ritual maçônico do grau de aprendiz, possuindo essa cor a significação de pureza em sua forma extrema. Diferentemente do preto, tudo é excluído da cor branca. Tanto a cor branca como a preta encerram em si a total potencialidade. O branco representa a pureza de todos os seres irradiando todas as cores visíveis, é como a sabedoria de Deus que se espalha por todo o universo.
Segunda luz – Força (salus)
A segunda luz é a força, representada pelo 1º Vig.:. Seu instrumento de trabalho ou jóia é o nível. Esse instrumento serve para os construtores verificarem se a pedra bruta está livre de arestas e apta a ser utilizada nas construções. Arquiteturalmente é representa o pilar Dórico, representando ainda o Rei Hiran - de Tiro, homem que ajudou na construção do Templo de Salomão, fornecendo materiais, podendo ainda ser relacionado com o herói, alçado a Deus, Hércules, conhecido na mitologia grega por sua força descomunal.
A força é a fiel seguidora da idéia que a dirige. Terminando o modelo invisível, a Força executa as concepções elaboradas, domando as energias rebeldes. Mas para que a construção possa ser terminada satisfatoriamente, é indispensável que a Força obedeça docilmente às instruções da Sabedoria, para que o trabalho resulte coordenado, prático e sólido.
No rito brasileiro, a luz do 1º Vig.: é representada por uma vela vermelha, que pela cromoterapia, estudo da cores, é a cor mais poderosa, transmitindo a vitalidade, é estimulante e excitante. Pode ser ainda associada ao perigo, advertência e guerra, mas também a vida, sol, chama e energia. Segundo o ritual do aprendiz maçom do rito brasileiro é a ação laborativa do maçom necessária para a execução dos trabalhos.
A força de Deus é onipotente, ou seja, o que tudo pode, é o poder transformador de Deus, é a força motriz da transformação do caráter do pedreiro-livre, é a vontade em sua mais pura essência.
Terceira Luz – Beleza (stabilitas)
A terceira luz é a beleza, é representada pelo 2º Vig.:. Seu instrumento de trabalho ou jóia é o prumo. Significa a retidão de uma parede, a estabilidade. Arquiteturalmente é representado pelo pilar Coríntio, representando ainda o Rei Hiran - Abif, mestre de obra responsável pela construção e organização dos operários da construção do Templo de Salomão, o responsável pela finalização e embelezamento do edifício, sendo ainda representado pela deusa romana Vênus deusa do amor e da beleza.
A beleza deve ser onipresente, que significa o que está em toda parte ao mesmo tempo . A beleza encarrega-se de tornar agradável, adornar o trabalho executado. É ela, segundo Oswald Wirth , a idealidade, que embeleza a vida e faz amar, apesar de misérias e crueldade do mundo, é em suma a estabilidade do caráter do homem maçom.
No ritual brasileiro a luz da beleza é representada pela vela azul, significando no estudo das cores: relaxamento, paz, harmonia, verdade, serenidade e meditação.
A beleza é a finalidade de todo trabalho desenvolvido pelo homem maçom, é o fim criador de Deus. A beleza é a divindade materializada, é a perfeição, é o objetivo maior do arquiteto é a própria vida do homem.
O embelezamento do edifício serve única e exclusivamente para o deleite do homem, harmonizando a obra com o meio ambiente em que está inserida, é o contrário da agressão, é a criação divina em sua mais pura perfeição, que é na realidade, a idéia que deve sempre estar presente nos trabalhos maçônicos.
Painel maçônico do grau de aprendiz
No painel da loja do aprendiz maçom, as três luzes estão representadas pelas janelas localizadas uma no oriente, lugar em que se situa Ven.: M.: momento em que o sol nasce irradiando toda a sua luz no universo; ao meio dia, local em que se situa o 2º Vig.:, na coluna do S.: momento mais belo do dia, hora em que se verifica se os trabalhos estão justos e perfeitos, momento do dia que não existe sombra, daí a possibilidade de se verificar a retidão das paredes, ensinando com essa metáfora, a igualdade entre os maçons e, no ocidente, o entardecer do dia, local em que se localiza o 1º Vig.:, na coluna do N.:, momento em que os operários param de trabalhar e recebem os seus pagamentos, significado ainda esse pagamento, segundo Nicola Aslan a força de comando e o valor do trabalho. Nos templos modernos essas três janelas são simbolizadas por três candelabros nas mesas dos V.:M.:, 1ºVig.: e 2º Vig.:.
Conclusão
Para o aprendiz maçom a força pode ser simbolizada pelo malho, grande martelo de ferro, instrumento que o obreiro utiliza para polir as pedras através da energia vibratória de sua mão direita, produzindo o movimento que molda a pedra bruta. Significa a ação do homem maçom, para formatar sua moral e controlar suas vontades e paixões.
A régua de 24 polegadas, simboliza a inteligência, lembrando ao aprendiz maçom que suas ações devem ser planeadas e medidas, controlando e direcionando o malho, que impulsionará o cinzel, instrumento de aço, com corte em apenas uma das extremidades, utilizada para gravar e transformar a pedra bruta em pedra polida. O cinzel é segurado pela mão esquerda, que corresponde a idéia de receptividade do homem maçom ao discernimento especulativo e, dessa forma alcançar a plenitude e seu desenvolvimento intelectual da beleza contida no conhecimento e na ciência.
Em síntese as luzes da maçonaria são os três elementos transformadores da moral do maçom, sendo esses os três pilares os que sustentam o verdadeiro templo maçom, o próprio ser.
Anexo I
Sobre o simbolismo dos três pilares, citado na Encyclopaedia of Freemasonry, de Mackey o mais antigo catecismo inglês, do século XVIII, in verbis :
P. - O que sustenta vossa loja?
R. - Três grandes pilares.
P. - Quais são os seus nomes?
R. - Sabedoria, Força, Beleza.
P. - Porque o Venerável representa o Pilar da Sabedoria?
R. - Porque ensina aos obreiros para que se comportem de maneira conveniente em seu trabalho e com harmonia.
P. - Porque o Primeiro Vigilante representa a Pilar da Força?
R. - Assim como o sol se deita para terminar o dia, assim o primeiro Vigilante se coloca no Ocidente, a fim de pagar o salário dos obreiros, o que constitui a força e o sustentáculo de toda ocupação.
P. - Porque o Segundo Vigilante representa o Pilar da Beleza?
R. - Porque estando colocado no Sul ao meio-dia em ponto, que é a beleza do dia, chama os obreiros ao trabalho e os manda à recreação, vigiando para que voltem novamente no devido tempo, pois o Venerável terá prazer nisto e proveito.
P. - Porque se diz que vossa loja é sustentada por este três grandes PILARES: Sabedoria, Força e Beleza?
R. - Porque Sabedoria, Força, Beleza são as executora de todos os trabalhos, e ninguém sem elas pode levá-los adiante.
P. - Porque isso Ir.:?
R. - porque a Sabedoria é para inventar, a Força para sustentar e a beleza para ornamentar.